Personalidades da política e da sociedade brasileiras manifestaram seu pesar e indignação com os prováveis assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips. A Polícia Federal (PF) informou na noite desta quarta-feira (15) ter encontrado corpos que podem ser do jornalista britânico e do indigenista da Funai, além de ter a confissão de um dos envolvidos nas mortes.
"Difícil acordar num dos países que mais mata defensores ambientais. Eles querem que desistamos, mas não desistiremos. O Brasil é terra indígena e faremos da nossas vidas toda uma vida de luta por nossos povos!", afirmou a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e pré-candidata a deputada federal Sônia Guajajara (PSOL-SP), em sua conta no Twitter.
Em nota conjunta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin manifestaram solidariedade aos familiares de Bruno e Dom, que "dedicaram a vida a fazer o bem. Por isso percorreram o interior do Brasil, ajudando, protegendo e contando a vida, os valores e o sofrimento dos povos indígenas."
"O mundo sabe que este crime está diretamente relacionado ao desmonte das políticas públicas de proteção aos povos indígenas. Está diretamente relacionado também ao incentivo à violência por parte do atual governo do país", denunciaram.
Crime bárbaro
O pré-candidato do PDT à presidência Ciro Gomes, em sua conta no Twitter, cobrou um posicionamento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que, segundo ele, "por uma eternidade, foi o vice rei da Amazônia". "Ei, general, nada a dizer?", ironizou.
Também no Twitter, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva manifestou solidariedade e demandou investigações. "Agora é exigirmos que sejam investigados, processados e punidos os mandantes e toda a rede de criminalidade que se apossou do Vale do Javari", afirmou.
A presidenta do PT Gleisi Hoffmann classificou as mortes como "um crime bárbaro estimulado por governo que compactua com criminosos", e perguntou: "Quem mandou matar Bruno e Dom?"
Vítimas de guerra
"Quem estava no lugar errado? Garimpeiros, pescadores ilegais, narcotraficantes, ou um jornalista e um indigenista que defendiam a Amazônia e denunciavam uma sequência interminável de crimes na região?", perguntou o jornalista Rafael Colombo, da CNN Brasil.
A também jornalista Eliane Brum declarou: "Esta é uma guerra. Bruno Pereira e Dom Phillips são vítimas de guerra." Ela enumerou ações necessárias nesse momento, partindo da investigação dos crimes. "Só existirá justiça para Dom e Bruno quando o crime for elucidado e os mandantes identificados, julgados e punidos", afirmou, pedindo ainda a não reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoio aos povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia.
"Cada pessoa ameaçada na floresta tem que ser tratada como se fosse da família. Nem um a menos. Cada dia é dia de luta. Chega de sangue!", pediu.
Rubens Valente, jornalista que conhecia Bruno há mais de 9 anos, também se manifestou. "Ele foi fiel à tradição mais nobre do indigenismo brasileiro, humanista, altruísta", afirmou. "Foi assassinado quando o governo lhe virou as costas, ou seja, traiu um de seus melhores. Ele foi abandonado à própria sorte por um Estado que tão bem representou".
Edição: Thalita Pires