O mais provável é algo ao estilo Capitólio: fake news, contestação das urnas e mobilização de horda
Marielle Franco, Evaldo Rosa, João Alberto, João Pedro Mattos Pinto, Guilherme Guedes, Igor Rocha Ramos, Ágatha Vitória Sales Félix, 668 mil vítimas de Covid, Kathlen Romeu, Moïse Kabagambe, Genivaldo Santos, Bruno Pereira e Dom Phillips.
.Fascismo: manual do usuário. Os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips são uma dura lembrança de que o fascismo não é um meme de milícias digitais, uma conspiração terraplanista, nem simplesmente um ex-militar fanfarrão passeando em motociatas. A tragédia em que nos metemos, desde antes de 2018, é, como lembra Luiz Werneck Vianna, um projeto de capitalismo autoritário, que começa nos quarteirões da Faria Lima, que investe contra a população e o território para que garimpeiros, agronegócio e narcotraficantes enriqueçam com a ajuda de um Estado propositalmente ausente. Até o oligarca Elon Musk entrou no esquema, recebendo concessão do governo para mapear o território amazônico de graça. Inclui-se aqui a cumplicidade das Forças Armadas, que combina um discurso de medo da internacionalização da Amazônia, com a omissão diante de projetos de devastação. Não é exagero dizer que não haveria assassinato ou a ação ilegal na região não fosse o sucuateamento da Funai e o abandono de programas sociais. Aliás, justamente por enfrentar o garimpo que Bruno Pereira foi exonerado do órgão por Sergio Moro, Onyx Lorenzoni e Ricardo Salles. O mesmo Estado que se retira das ações sociais, coloca o aparato policial e até a ABIN a serviço deste projeto, sem melindres em perseguir lideranças. Soma-se a isso, a ação das bancadas do boi, da bala, da bíblia e que se estende à madeira e ouro. A insensibilidade de Bolsonaro é só a aparência pública, ou a sinceridade, do fascismo. Assim como a ação de milícias digitais que não se envergonham em promover teorias fantasiosas sobre cidades perdidas na Amazônia, apenas para confundir algoritmos e ocultar as buscas sobre os assassinatos na internet. Um episódio doloroso para nos fazer lembrar que apertar duas teclas em 4 de outubro não será suficiente para acabar com o fascismo brasileiro.
.Ponto Final: nossas recomendações.
.A BBC Brasil relembra a trajetória de Bruno Pereira e como ele ganhou a confiança e o respeito dos povos indígenas e Nayara Felizardo relata no Intercept o que aprendeu com Dom Phillips.
.Volkswagen do Brasil encara seu passado sombrio na Amazônia. Conheça a aliança entre os militares e as corporações internacionais que há meio século faz da Amazônia uma terra sem lei. No DW Brasil.
.Teoria de Freud que antecipou ascensão de Hitler se liga perigosamente com Brasil de 2022. O pai da psicanálise desvendou que o fascismo mobiliza processos irracionais, inconscientes e regressivos. Veja porque isso vale para o Brasil de hoje. Por Carlos Russo Jr, no Opera Mundi.
.As novas fábricas do capitalismo. Entrevista com o pesquisador Moritz Altenried discute como a digitalização se fundiu com a indústria e o que é o Taylorismo digital.
.'A favela venceu'. Mas e os favelados? No Intercept, Fabiana Moraes questiona a exaltação da ascensão social apenas pelo consumo.
.Carta para Anitta: quem tem medo de você? O jornalista Jamil Chade escreve sobre o papel da arte no combate às ditaduras a partir do exemplo da cantora Anitta.
.WikiFavelas: Slam, a voz insubmissa das quebradas. Marcos Lopes Campos fala sobre os múltiplos significados do Slam como forma de resistência da juventude periférica. No Outras Palavras.
.Eles estão com medo. No UOL, um registro da passagem do fotógrafo Sebastião Salgado no Vale do Javari e com os índios Korubo em 2017.
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Edição: Vivian Virissimo