Entidades ligadas a movimentos em defesa da diversidade sexual se organizaram para reunir candidaturas que apoiem pautas ligadas à garantia de direitos. O programa, batizado de "Voto com Orgulho", criou uma plataforma que aponta uma série de políticas públicas para enfrentar a discriminação. Foram elaboradas cartas compromisso que serão apresentadas a candidatas e candidatos, além de um cadastro para reunir postulantes a cargos públicos que se alinham à pauta.
Diante das especificidades de cada cargo, foram elaboradas diferentes cartas para candidaturas que pleiteiam a presidência da República, governos estaduais, Senado, Câmara e assembleias legislativas. O programa também se organizou para combater discursos de ódio e violência nas eleições, além de um grupo de enfrentamento a notícias falsas, as chamadas fake news.
A iniciativa foi organizada pela Aliança Nacional LGBTI+ e pelo Grupo Arco-Iris de Cidadania LGBTI+ Rio, com apoio da Associação da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, da União Nacional LGBT, da Rede Trans Brasil, da Associação Brasileira de Famílias Trans Homo afetivas, da iniciativa Sleeping Giants, do Grupo Dignidade Curitiba, do Instituto Sinergia de Minas Gerais e da ONG Transparência Eleitoral.
O coordenador da elaboração da plataforma, Toni Reis, explica que iniciativas semelhantes são organizadas desde 1996, quando as entidades conseguiram registrar oito candidaturas pelo país nas eleições municipais. Para este ano, a expectativa é de reunir em torno de 270 candidatas e candidatos. As entidades vão oferecer assessoria e cursos de capacitação. O registro já está aberto, e pode ser feito pelas pré-candidaturas neste formulário.
"A expectativa é de esperança de que a gente possa mudar todo esse panorama que se abateu no nosso país, do extremismo religioso e político, e que a gente possa voltar a um governo, a um estado que respeita as instituições, que respeite as minorias, que não faça discurso de ódio. O vento contrário sempre impulsiona a gente a voar mais alto. Tivemos retrocesso nesses últimos três anos e meio. Nos rearticulamos e o movimento se fortaleceu", disse Reis.
O movimento quer aumentar a chamada "bancada da diversidade", hoje representada em Brasília pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), pela deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA) e pelos deputados federais David Miranda (PDT-RJ) e Israel Batista (PSB-DF). Toni Reis acredita que, em uma estimativa realista, esse grupo poderá passar com pelo menos oito parlamentares, chegando até a 16, em cenários mais otimistas.
"É a eleição mais importante desde a redemocratização. Temos ameaças constantes às instituições, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eu tenho viajado o mundo todo, Europa, Estados Unidos, Canadá, América Latina, o nosso sistema eleitoral é um dos mais respeitados no mundo, um dos mais eficientes, e está sendo ameaçado", pontuou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho