Uma democracia se faz com pluralidade. Quanto mais posições políticas diversas, melhor. O que não é democrático são as manipulações. Quem afirma que Lula e Bolsonaro são dois extremos mente descaradamente. Os dois já estiveram no poder e as diferenças são gritantes. Enquanto Bolsonaro nos leva à barbárie, Lula nos elevou em termos civilizatórios, ampliando o sistema de saúde pública, criando vagas em universidades federais para os mais pobres e tornando possível – dito pelo próprio ultraliberal Guedes – que até “empregada doméstica fosse todo ano para a Disney”. Lula promoveu a demarcação de terras indígenas, protegeu o meio ambiente colocando Marina Silva como sua ministra enquanto o inominável pôs nesse lugar o nefasto Ricardo Salles. Lula saiu da presidência com mais de 80% de aprovação. Apostar no bem estar social é populista? Não! É civilizatório! Os que defendem a barbárie, ainda que minimizada, querem a manutenção de seus privilégios. Não querem filas nos aeroportos, ainda mais tendo que ver na sua frente a “empregada doméstica”. Querem as universidades públicas só para si. Querem que os pobres morram nas filas de atendimento dos hospitais. Fingem proteger o meio ambiente, mas estão ligados umbilicalmente ao agronegócio mais nefasto que não alimenta o povo brasileiro, gera pouquíssimos empregos e contribui decisivamente para a desigualdade estrutural de nossa sociedade. Se dizem modernos, mas querem a volta das condições impostas aos mais pobres que foi descrita por Engels em “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” no século XIX. Isso é modernidade? Combater isso é populismo? É ser “radical”? Ora, parem de manipulação! A grande missão do eleitor democrata nestas eleições é derrotar o fascismo! Quem quer que esteja no segundo turno contra Bolsonaro terá o meu voto. Quem ficar no “nem nem” é porque já está compromissado com a barbárie. São os mesmos que prometeram que as reformas trabalhista e previdenciária trariam mais empregos. Os mesmos que diziam que “se ele não prestar a gente tira”. São os mesmos que vestiram “aquela” camisa amarela e continuam usando, ainda que disfarçadamente e com um pouquinho de vergonha. Não mintam! Votem democraticamente em quem quiserem! Mas não manipulem dizendo que esta eleição está polarizada porque não está. Ninguém está pedindo a privatização da Apple, da Honda ou da Havan. Ninguém está dizendo que vai estatizar o Albert Einstein ou o Sírio Libanês. Ninguém está prometendo invadir as terras do agronegócio. Aí sim se poderia falar em “extremos”. Quando se cobra dos manipuladores aonde está o radicalismo de Lula o que se ouve é um silêncio eloquente e denunciatório da manipulação política. Os verdadeiramente democratas têm uma missão nestas eleições: derrotar o fascismo! Não será fácil! As nuvens pesadas das conspirações pairam no horizonte, mas como dizia Maikovski “As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as, como uma quilha corta as ondas”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho