O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as intenções de votos dos eleitores paulistas, segundo pesquisa Datafolha divulgada na manhã desta sexta-feira (1). O petista é opção de 43% dos entrevistados, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 30%.
Ciro Gomes aparece em terceiro, com 8%, seguido de Simone Tebet, com 3%, desempenho melhor do que o 1% que marcou na pesquisa nacional. André Janones (Avante) fica com 2% dos votos paulistas, enquanto Vera Lúcia (PSTU), Pablo Marçal (Pros) e Felipe d'Avila (Novo) recebem 1% cada. Por fim, 9% dos eleitores dizem que votarão nulo ou em branco e outros 2% estão indecisos.
Maior colégio eleitoral do país, com 33,1 milhões de eleitores (21,7% do eleitorado nacional), São Paulo tem grande peso na decisão das eleições. O resultado mostra diferença favorável ao atual presidente em relação à pesquisa nacional do mesmo instituto, divulgada no dia 23 de junho, em que Lula marcou 47% dos votos, contra 28% de Bolsonaro.
No entanto, se comparada ao resultado do primeiro turno de 2018, a pesquisa mostra queda de Bolsonaro: naquele pleito, ele recebeu 53% dos votos válidos de São Paulo, acima de seu resultado nacional, de 46,03%.
Pretos, pobres e homossexuais com Lula
O voto em Lula tem um viés racial importante. Entre os eleitores que se declaram pretos, 54% votam no ex-presidente, contra 36% dos brancos. Outra discrepância se dá no recorte relativo à sexualidade, com Lula atingindo 74% entre homossexuais e bissexuais, contra 39% entre heterossexuais. O petista também se sai melhor entre os jovens (49%), seguindo a tendência nacional.
Considerando marcadores de classe social, Lula tem desempenho acima de sua média entre quem tem ensino fundamental (51%), desempregados (46%) e entre quem recebe até dois salários mínimos (47%).
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No outro lado da pirâmide, Lula cai para 33% entre quem recebe mais de dez salários mínimos e 27% entre aqueles que se dizem empresários.
Já Bolsonaro vai melhor entre os homens (34%) do que entre as mulheres (26%) de São Paulo. Suas fortalezas estão entre os evangélicos, que lhe dão 44% das intenções de voto, empresários (52%) e aqueles que recebem acima de 10 salários mínimos (43%).
Ajuda ou atrapalha?
O Datafolha também testou a influência dos presidenciáveis sobre o eleitorado para alavancar as candidaturas de seus aliados ao governo de São Paulo.
Bolsonaro é o pior padrinho político, com 64% dos entrevistados afirmando que não votariam de forma alguma em um nome por ele apoiado. 17% dizem que poderiam votar, enquanto outros 17% afirmam que com certeza seguiram sua recomendação.
Os números são uma má notícia para seu candidato a governador de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que marcou 13% na pesquisa para o governo do Datafolha.
O desempenho de Lula como padrinho é melhor. Segundo a pesquisa, 51% dos entrevistados não votariam em um indicado por ele, enquanto 23% talvez votassem. Por fim, 24% dizem votar com certeza em um nome indicado pelo petista.
Líder da corrida para o Palácio dos Bandeirantes até aqui, com 34% no cenário com menos candidatos, Fernando Haddad conta com o apoio de Lula para ampliar sua votação entre as camadas mais pobres do eleitorado. Segundo o Datafolha, o ex-prefeito da capital tem um desempenho homogêneo em todos os estratos sociais, o que mostra espaço para crescimento com o empurrão de Lula.
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Haddad pode contar ainda com outro apoio de peso, o ex-governador Geraldo Alckmin. Pré-candidato a vice na chapa de Lula, ele tem se mantido em silêncio sobre a disputa paulista por conta da indefinição respeito de uma aliança entre PT e o PSB de Márcio França no estado. França admitiu recentemente a possibilidade de disputar o senado na chapa petista, cenário que pode ter se fortalecido com a saída de Luiz Datena (PSC) do páreo.
O instituto também avaliou a influência de Alckmin na votação para o governo do estado: 53% dos eleitores dizem que não votariam em um candidato indicado por ele, contra 29% que talvez o fizessem e 13% que com certeza votariam.
O governador Rodrigo Garcia (PSDB) não tem mais um padrinho entre os presidenciáveis, após a desistência de seu antecessor e colega de partido João Dória. Mas seu comando de campanha não está reclamando, ao contrário. Mal avaliado e com fraco desempenho nas pesquisas, Dória era considerado mais um peso do que uma ajuda. Livre, Garcia tem utilizado a máquina estadual para lançar ações em várias regiões do estado, buscando articular apoios.
Os dados são do Datafolha, que entrevistou 1.806 eleitores de terça (28) a quinta-feira (30). Com uma margem de erro de dois pontos percentuais, a pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número SP-02523/2022.
Edição: Thalita Pires