São Paulo

Vice de Haddad segue incerto, mas deve ficar entre Marina Silva, Lu Alckmin e Juliano Medeiros

Preferido da campanha petista, o ex-prefeito de Campinas Jonas Donizete (PSB) foi vetado por Márcio França

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Juliano Medeiros (esq.), Marina Silva (centro) e Lu Alckmin (dir.) podem compor chapa com Fernando Haddad (PT) para o governo paulista - Psol;Juan BARRETO / AFP; Reprodução/Facebook

Aumenta a pressão dentro do PT para a escolha do candidato a vice na chapa de Fernando Haddad ao governo de São Paulo. Na tentativa de acomodar os interesses de todos os partidos aliados, a lista de nomes cotados é diversa.

Entre eles, surgiu uma novidade: Lu Alckmin (PSB), companheira do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice-presidente na chapa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O nome foi especulado por conta do impasse interno na campanha de Haddad, gerado por Márcio França (PSB), que deve anunciar a desistência da disputa pelo governo de São Paulo e, posteriormente, sua candidatura ao Senado.

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Pela renúncia, França garantiu influência na escolha do vice de Haddad e vetou a indicação de Jonas Donizete (PSB), ex-prefeito de Campinas e ex-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos - cargo que lhe garantiu influência e trânsito no rico interior paulista, onde o PT pretende expandir sua campanha.

Membros da campanha de Haddad afirmam que França está preocupado com a visibilidade do companheiro de partido. "O Márcio sabe que o Donizete é um quadro muito articulado da política paulista e que pode crescer muito durante a campanha, aparecer demais e se tornar a principal força do PSB no estado", afirmou ao Brasil de Fato um deputado petista.

Diante do impasse com Donizete, que seria o preferido de Haddad, três nomes estão na mesa. Lu Alckmin (PSB), que corre por fora, é vista com bons olhos por parte da campanha e tem a confiança de França, que é amigo da família.

Ampliar o alcance

Marina Silva (Rede) é a solução que mais agrada ao PT e, por não dividir holofotes no PSB, não encontra resistência de França. A ambientalista lançou sua pré-candidatura a deputada federal na última quarta-feira (29), o que não inviabiliza sua escolha como vice. Mas seu histórico de contendas com os petistas cria um clima constrangedor para sua chegada na campanha.

Por último, segue em pauta o nome de Juliano Medeiros, presidente do PSOL. Um dirigente nacional do PT conversou com o Brasil de Fato e afirmou que internamente o psolista é o nome que menos agrada à campanha de Haddad. "Não há cálculo eleitoral que justifique essa escolha."

"Faz pouco sentido o nome do Juliano Medeiros, apesar de ser um importante dirigente partidário. Não tem projeção eleitoral no estado e não amplia politicamente o alcance da nossa campanha. Ao mesmo tempo, soa estranho o PSOL querer indicar para a chapa majoritária um homem branco, que sequer foi testado nas urnas em São Paulo e nem no Rio Grande do Sul, seu estado de origem. Tem que ver se este é, de fato, o entendimento de prioridade de todo o PSOL ou apenas de uma parte dele", afirmou o dirigente petista.

Juliano Medeiros preferiu não comentar. Uma pessoa próxima ao presidente do PSOL disse que "quem escolhe o nome do PSOL é o PSOL. Se nos quiserem, é assim."

A "Geringonça Portuguesa"

Para o cientista político Rudá Ricci, a escolha de Juliano Medeiros como vice culminará numa chapa sem diversidade. "Quem agregaria à imagem do Haddad? Mulher, por exemplo, ou algum ex-prefeito do interior", explica.

"No caso do Juliano, é seis por meia dúzia. Os dois são jovens, acadêmicos e de esquerda, embora o Haddad não seja de esquerda, é um liberal clássico, mas eles se alinham no ponto de vista do apelo eleitoral", conclui.

Ainda de acordo com Ricci, há outra perspectiva possível nesta coalizão. "Acho que o Juliano agrega numa aliança estratégica com o PSOL, algo como a 'Geringonça de Portugal'", finalizou o cientista político.

"Geringonça" é o apelido que recebeu a coalizão que chegou ao governo português em 2015. O grupo era liderado pelo ex-primeiro ministro Antônio Costa, de centro-esquerda, mas que se aliou a três partidos tidos como extrema-esquerda, Os Verdes, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português.

 

Edição: Nicolau Soares