A Argentina nomeou Silvina Batakis nova ministra da Economia neste domingo (03/07), após a renúncia inesperada de Martín Guzmán, na véspera. O presidente Alberto Fernández anunciou pelo Twitter a nomeação de Batakis, de 53 anos, ex-ministra da Economia da maior e mais rica província da Argentina, Buenos Aires, de 2011 a 2015.
El Presidente @alferdez designó a Silvina Batakis al frente del Ministerio de Ecomía. Batakis es una reconocida economista que cumplió esa función en la provincia de Buenos Aires entre 2011 y 2015.
— Gabriela Cerruti (@gabicerru) July 4, 2022
Guzmán, que foi o arquiteto de um acordo de reestruturação de dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), renunciou após constantes confrontos com a ala militante da coalizão governista leal à vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner, que desaprovava sua política fiscal mais rígida.
Problemas da economia
Batakis chega num momento de plena crise na economia argentina, com inflação acima de 60%, déficit fiscal alto, e temores crescentes de inadimplência, da perda de credibilidade do peso e de sua desvalorização.
A nova ministra é considerada mais alinhada com a ala militante da coalizão peronista governista, que quer mais gastos públicos para ajudar a aliviar os altos níveis de pobreza na Argentina. "Não há pobreza digna", escreveu ela em sua conta no Twitter. "É apenas pobreza, e devemos combatê-la."
Isso está em contraste direto com as estipulações do acordo com o FMI para reduzir o déficit fiscal, aumentar as reservas e reduzir o financiamento do Banco Central.
Um dos céticos em relação à nomeação é Matias Carugati, economista da consultora Seido, que destaca a falta de informação sobre a visão política de Batakis: "Agora temos uma ministra, mas ainda não temos um plano econômico."
Temor de calote
A turbulência política coincide com um clima de insegurança econômica na Argentina. A potência agrícola vem lutando contra uma inflação de mais de 60% nos últimos 12 meses. Greves de caminhoneiros devido à falta de diesel também prejudicaram a economia.
A saída abrupta de Guzmán deixa o país em apuros, já que ele deveria viajar para a França nesta semana para renegociar um acordo de dívida de US$ 2 bilhões com o grupo de credores do Clube de Paris.
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A dívida original de US$ 57 bilhões com a Argentina era a maior já emitida pelo FMI. A última parcela do acordo foi recusada pelo presidente Fernández depois de assumir o cargo de seu antecessor liberal, Mauricio Macri.
Com a inflação em alta e a sangria das reservas em moeda estrangeira devido aos altos custos de importação de energia, os investidores estão questionando a capacidade do país de honrar seus compromissos de dívida. Os retornos dos títulos do governo estão entre os mais altos do mundo, demonstrando a falta de confiança dos investidores.
A Argentina teve calote da dívida pública nove vezes desde sua independência da Espanha em 1816, e três vezes neste século, tendo o maior ocorrido no fim de 2001.