Mesmo em recesso parlamentar desde a última sexta-feira (1º), a CPI dos Trens da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu para uma audiência na última segunda-feira (4) representantes das polícias civil e militar. O delegado Luiz Henrique Marques e o comandante do Policiamento Especializado (CPE/PMERJ), coronel André Henrique, foram questionados sobre medidas para solucionar o furto de cabos nas estações.
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Os integrantes da CPI debateram questões relacionadas à segurança no entorno e dentro das estações da Supervia, principalmente os roubos de cabos que vêm causando atrasos e paralisações diárias no sistema ferroviário. O delegado explicou que foi criada uma força-tarefa no âmbito da Polícia Civil para fiscalizar locais de venda clandestina de fios de cobre como em ferros-velhos e recicladoras.
Segundo Henrique Marques, as operações resultaram em 44 prisões desde abril, sendo a Baixada Fluminense o local de maior incidência do crime. Outra medida já em vigor é o registro das ocorrências como “furto a concessionária de serviço público”. Para isso, foram designadas cinco delegacias da região metropolitana que funcionam como pólos de atendimento aos crimes contra a Supervia. São elas: Madureira (29º DP), São Cristóvão (17º DP), Bangu (34º DP), Nova Iguaçu (52º DP) e Campos Elíseos (60ºDP).
Por último, ainda com objetivo de fiscalizar o comércio ilegal, a polícia vai passar a exigir dos ferros-velhos o Registro Administrativo de Funcionamento (RAF). O documento será emitido pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e começa a valer a partir de agosto.
Trabalho integrado
O deputado Waldeck Carneiro (PSB), relator da CPI, cobrou que o trabalho das polícias seja integrado, como havia prometido o governador Cláudio Castro (PL) em setembro do ano passado para conter as ocorrências de roubo e furto de cabos. Outra força-tarefa, da operação "Estação Segura", tem uma ocupação permanente pela Polícia Militar na estação Jacarezinho, na zona Norte.
Instalada em fevereiro, a CPI dos Trens constatou a presença do narcotráfico em 12 estações, além de construções irregulares, mato alto e muito lixo. O Grupamento de Polícia Ferroviário (GPFer) informou durante a audiência que realizou, desde maio, 54 operações de combate ao tráfico de drogas nas estações dos trens.
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Para o deputado Luiz Paulo (PSD), é preciso ações de inteligência para retomar os territórios ocupados por atividades criminosas. Ele também defendeu o combate preventivo dos furtos de cabos.
“A constante reclamação da Supervia é que o trem está atrasado, parou, porque roubaram fios e cabos. Diversas vezes perguntado, dizem que tudo é registrado. A Supervia tem condições de detalhar onde foi o roubo do cabo. Como se faz esse combate preventivo? Se houve o roubo, é sinal que alguém está agindo na região", disse na audiência.
A comissão investiga denúncias de interrupções no serviço de trens, atrasos, superlotação nas composições, falta de acessibilidade e de banheiros nas estações. A deputada Lucinha (PSD) destacou duas vitórias: a volta do expresso Santa Cruz e a manutenção da tarifa em R$ 5.
"O que a sociedade precisa saber é o que pode ser feito de imediato porque a todo momento o sistema para. Quem está sendo prejudicado é o usuário que não consegue chegar no trabalho porque não tem pontualidade", afirmou a deputada que preside a CPI.
Também estiveram na audiência desta segunda (4) o subsecretário de Mobilidade da Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) Alexandre Daiuto e o presidente da Supervia Antônio Sanches.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita