Luta social

João Pedro Stedile participa de lançamento do Comitê Popular de Lutas em Porto Alegre (RS)

Na Lomba do Pinheiro, zona leste, novo espaço vai agregar diversas experiências de organização popular

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Bairro da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, é foco de várias experiências de organização popular. Comitê Popular de Mobilização será um aglutinador das lutas - Foto: Leandro Molina

O Comitê Popular de Mobilização da Lomba do Pinheiro será inaugurado nesta quarta-feira (6), a partir das 19h, no Ginásio da Paróquia Santa Clara (Parada 10), em Porto Alegre (RS). O Comitê será uma estrutura para aglutinar diversas experiências de organização popular da região, localizada na zona Leste da Capital. A atividade de inauguração irá contar com a presença de João Pedro Stedile, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Conforme explica Saraí Brixner, moradora da região e integrante do Comitê de Combate à Fome e Contra o Vírus, na região da Lomba do Pinheiro o trabalho de organização popular é muito intenso. Entre as organizações que atuam no território, destaca principalmente o Conselho Popular, que aglutina diversas iniciativas, entre elas, o Comitê de Combate à Fome do qual faz parte. Explica também que a comunidade é muito engajada em diversas reivindicações, como na área da saúde, do transporte, infraestrutura, serviço da água, etc.

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"É uma região com muita luta social", explica, reforçando que o período da pandemia também exigiu forte articulação da população local. Neste momento, através principalmente das cozinhas comunitárias.

"As cozinhas não são só comunitárias, chamamos de cozinhas solidárias e até mesmo cozinhas da esperança, onde as pessoas puderam pegar seu prato de comida e roupas, além de ter ajuda com o Auxilio Emergencial. Hoje também as pessoas têm acesso à aulas de reforço. As cozinhas se tornaram um ponto de referência da cidadania", comenta.

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As cozinhas comunitárias foram fundamentais durante a pandemia / Foto: Maiara Rauber

Sobre o Comitê Popular que será inaugurado, registra que a comunidade se organizou de forma a construir, em torno de cada uma das cozinhas solidárias um "Comitê de Luta", para organizar as reivindicações e demandas das muitas localidades da Lomba. Porém, a partir das discussões realizadas principalmente no Conselho Popular, ao observar o próprio território da Lomba do Pinheiro, percebeu-se que era necessário construir um Comitê que centralizasse essas experiências, inclusive para potencializar e dar apoio aos comitês localizados.

Também saúda a participação de João Pedro Stedile no evento, convidado a partir da relação estabelecida entre a comunidade local e o MST, que participou ativamente das campanhas de solidariedade promovidas pelo Comitê de Combate à Fome, garantindo toneladas de alimentos doados pelas famílias agricultoras dos assentamentos diretamente para as cozinhas da Lomba.

Outra liderança comunitária da região é o professor Acir Paloschi, também atuante no Conselho Popular. Segundo relata, o movimento comunitário da região sempre lutou por políticas de inclusão e geração de renda, com o compromisso de combater a fome e a miséria. Além disso, os comitês criados ao longo dos anos buscam organizar as lutas dos moradores, pressionando pelas políticas públicas necessárias para a região.

Também moradora da região, Maristela Maffei reforça a complexidade do bairro, dividido em aproximadamente 40 comunidades, identificadas pelas paradas de ônibus, formando um "grande bicho geográfico". De acordo com a prefeitura de Porto Alegre, em cálculos de 2018, a região contava com cerca de 60 mil habitantes.

Maristela ainda recorda que a organização popular na região vem dos anos 1980. A localidade onde reside pertenceu a Viamão até 1992, sendo anexada a Porto Alegre neste ano. Maristela, que já foi vereadora da Capital por três mandatos, recorda ainda da União de Vilas da Lomba do Pinheiro, organização que não existe mais e que hoje dá lugar ao Conselho Popular.

"A luta na Lomba nunca foi solitária. A gente se organiza para cumprir o papel que o Estado não cumpre no momento", afirma Maristela.

 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko