Ronda Política

Fachin alerta para perigo nas eleições, EUA quer acompanhar atuação das Forças Armadas e mais

Ministro disse que Brasil pode ter episódio mais grave durante as eleições do que a invasão ao Capitólio nos EUA

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Deputados democratas dos Estados Unidos propuseram uma emenda à Lei de Autorização Fiscal que pressiona as Forças Armadas do Brasil a não interferirem nas eleições presidenciais deste ano - Fernando Frazão/ABr

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, declarou que durante a eleição presidencial deste ano o Brasil pode ter um episódio mais grave do que a invasão ao Capitólio, ocorrida no dia 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos.

"Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do 6 de janeiro daqui do Capitólio. Nós entendemos que há seis condições fundamentais para evitar que isso aconteça no Brasil", disse Fachin, durante uma conversa no Wilson Center, em Washington, nesta quarta (6).

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"Se houver a dissolução de um dos Poderes, o perigo poderá ir para o outro lado da rua", disse. "A sociedade brasileira, dia 2 de outubro, colocará um espelho diante de si. Se almeja a guerra de todos contra todos ou almeja a democracia e, a partir daí, faça suas escolhas de modo livre e consciente."


Para Fachin, quem ataca processo eleitoral investe contra a Constituição e a democracia / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para evitar que algo pior ocorra por aqui, Fachin afirmou que a Justiça Eleitoral, a sociedade civil, o Congresso Nacional, as Forças Armadas, a imprensa e a comunidade internacional devem atuar para proteger a democracia brasileira.

Em sua tradicional transmissão ao vivo de quinta-feira em suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que "desconfia" do trabalho realizado pelo TSE e que as pessoas devem se preparar para as eleições. "Você sabe o que está em jogo, você sabe como você deve se preparar – não para um novo Capitólio – ninguém quer invadir nada, mas para nós sabermos o que temos que fazer antes das eleições", disse. 

Congresso dos EUA cria emenda contra interferência nas eleições brasileiras 

Seis deputados democratas dos Estados Unidos propuseram uma emenda à Lei de Autorização Fiscal que pressiona as Forças Armadas do Brasil a não interferirem nas eleições presidenciais deste ano.

A Emenda 893, "Neutralidade das Forças Armadas Brasileiras Durante as Eleições Presidenciais", foi apresentada nesta terça-feira (5) pelo deputado federal Tom Malinowski, de Nova Jersey e assinada pelos colegas Albio Sires (Nova Jersey), Joaquín Castro (Texas), Susan Wild (Pensilvânia), Ilhan Omar (Minnessota) e Hank Johnson (Geórgia).

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O documento prevê que, após as eleições no Brasil, o Departamento de Estados dos EUA tem até 30 dias para produzir um relatório que deve ser enviado ao Congresso norte-americano descrevendo a atuação das Forças Armadas brasileiras durante o processo.

Caso o relatório aponte para interferência decisiva ou golpe de Estado por parte das Forças Armadas, a emenda prevê que os EUA descontinuem a ajuda financeira na segurança brasileira.


Jair Bolsonaro / Agência Brasil

Para o relatório, foram estabelecidos cinco critérios. Se as Forças Armadas:  

1) "Interferiram, impediram ou obstruíram a votação, operações de contagem ou operações eleitorais por autoridades eleitorais independentes";

2) "Manipularam, procuraram manipular ou cancelaram os resultados das eleições";

3) "Se envolveram em esforços coordenados de informação ou comunicação para minar a fé popular e a confiança em autoridades eleitorais independentes ou questionaram a validade dos resultados eleitorais";

4) "Usaram mídias sociais ou outros sistemas de comunicação de massa, incluindo aplicativos de mensagens móveis, para tentar influenciar opiniões generalizadas sobre a validade dos resultados eleitorais ou com relação à conveniência de qualquer resultado específico";

5) "Encorajaram, incitaram ou facilitaram atividades ou rebeliões em relação aos processos eleitorais, a apurações eleitorais ou a resultados eleitorais, antes e depois das eleições presidenciais".

Bombas em ato do Lula 

Uma bomba caseira explodiu durante um ato do pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apoiadores, na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (7). A explosão ocorreu antes da chegada do petista e ninguém ficou ferido.

A bomba foi lançada por um "homem infiltrado no ato", segundo a Polícia Militar do Rio, na área cercada pelo palco. O responsável foi autuado em flagrante por crime de explosão e conduzido à delegacia, onde confessou ter lançado o explosivo.


Lula na Cinelândia / Eduardo Miranda/ Brasil de Fato

A assessoria do ex-presidente Lula informou que "estouraram dois artifícios de fogos, causando barulho, jogados de fora para dentro da área do ato", mas que "ninguém se feriu nem houve tumulto".

Ataque contra juiz que prendeu Milton Ribeiro 

No mesmo dia, o juiz que decretou a prisão preventiva do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, Renato Borelli, foi alvo de um ataque enquanto saía de casa em direção ao trabalho, em Brasília. Seu carro foi atingido por fezes de animais, ovos e terra. Apesar de o material ter sido arremessado contra o para-brisa, Borelli conseguiu dirigir até um lugar seguro. O juiz não se feriu.

Depois que autorizou a Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, Borelli relatou ameaças de grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.


Para-brisa do carro do juiz Borelli / Divulgação

A PF investiga o ex-ministro Milton Ribeiro pelo suposto esquema de propina, por meio da intermediação entre pastores lobistas e prefeituras, para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) no Ministério da Educação.

Integrante do PL é acusado de abuso sexual contra filha e netas 

José Renato Silva, ex-vice-presidente estadual do Partido Liberal (PL) em São Paulo, o mesmo do presidente Jair Bolsonaro, foi acusado de ter cometido abusos sexuais contra a sua filha e duas netas. A Polícia Civil investiga o caso desde abril deste ano.

Cintia Renata Lira da Silva, filha de José Renato, tornou o caso público com uma publicação em seu perfil no Instagram, nesta quinta-feira (7). Na publicação, Cintia afirma que se manteve em silêncio sobre os abusos até o dia em que descobriu que José Renato também abusava de suas filhas. "A coragem que nunca tive enquanto filha, tive enquanto mãe", disse.

"A sensação de tirar um peso das costas é muito intensa. A cada dia que conseguimos enfrentar mais uma batalha e superar, serve de mais força para continuarmos e ficarmos bem. É muito importante que esse tema não seja ofuscado", publicou Cintia ao final do texto.

 

Segundo Cintia, José Renato já foi indiciado e o processo corre em segredo de Justiça, conforme confirmou a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher de Suzano, por meio de inquérito policial.

O advogado de José Renato, Denis Souza do Nascimento, afirmou à Folha que "o inquérito está sob segredo de Justiça para preservar a todos, portanto, no momento, não podemos passar maiores detalhes sobre o conteúdo do inquérito".

Ciro Gomes e Bolsonaro oficializam candidatura ainda em julho 

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) irá oficializar a sua candidatura à Presidência da República no próximo dia 20, durante a convenção nacional do partido em Brasília. A escolha pela data, o primeiro dia do prazo estabelecido para as convenções, de acordo com a legislação, foi feita "para aproveitar ao máximo a candidatura de Ciro oficializada".

O presidente Bolsonaro também irá oficializar a candidatura em julho, no dia 24, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (6), Ciro Gomes (PDT) tem 6% das intenções de voto, atrás de Lula, que segue na liderança da corrida presidencial, com 45%, e de Bolsonaro, que reúne 31% das intenções de voto.

Os partidos têm até 5 de agosto para confirmar os nomes das chapas em convenções partidárias.

Edição: Nicolau Soares