O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, e o primeiro-ministro, Ranil Wickermensinghe, concordaram em renunciar e colocaram o dia 13 de julho como data limite para saírem do governo. A renúncia ocorreu após os protestos de rua se intensificarem neste sábado (9), contra as condições econômicas do país. Os manifestantes invadiram a casa oficial do presidente, vencendo o bloqueio armado por policiais. Ele já havia fugido da residência um dia antes.
Em um comunicado, o presidente disse que sairia do governo até o dia 13 de julho, para "garantir uma transição pacifica do poder". Para os manifestantes, foi uma vitória política.
Desde março o país vive uma série de mobilizações de rua. Entre as várias reivindicações, está o pedido para que a família Rajapaksa seja removida do poder. Considerados ultranacionalistas, eles são acusados de corrupção, má gestão das finanças e de levar o país à falência.
O cenário é de devastação total. O país sofre com escassez de combustíveis, alimentos e medicamentos. A população também sofre com a disparada do preço dos alimentos. Em maio, o Sri Lanka deixou de quitar sua dívida externa.
As imagens mostram que a população ocupou os espaços da residência presidencial, como cozinha, quartos, piscinas, e se deparou com a contradição: enquanto a população sofria com a escassez de itens básicos, o presidente tinha à disposição itens de luxo, conforto, armários fartos. Isso intensificou a revolta dos manifestantes, que depredaram as áreas da casa oficial.
Bom dia para a população do Sri Lanka, que começou o sábado invadindo o palácio presidencial do país em protesto à crise econômica pic.twitter.com/kxKIsCdRpS
— Observatório Internacional (@observint) July 9, 2022
Ativistas cruzaram o país para participar das manifestações. Um deles, Ruki Fernando, em entrevista ao The Guardian, relata o clima no momento exato da invasão. Ele viajou cerca de 160 quilômetros para participar do ato.
"Houve uma sensação de realização quando as pessoas entraram na casa do presidente e na sua secretaria. São todos lugares mantidos no luxo pelo dinheiro das pessoas, numa época em que o governo alega que não há dinheiro suficiente para dar remédios, dar comida, dar combustível. É muito significativo politicamente que eles tenham sido reivindicados pelo público”.
De acordo com informações oficial, ao menos 42 pessoas ficaram feridas durante a invasão.
Edição: Raquel Setz