O ex-conselheiro de Segurança Nacional do governo de Donald Trump, John Bolton, admitiu em entrevista à CNN dos Estados Unidos ter participado do planejamento de golpes de Estado em outros países.
A confissão se deu em uma conversa a respeito das investigações sobre a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. O jornalista Jake Tapper afirmou que "não é preciso ser brilhante para tentar um golpe", ao que John Bolton reagiu: "Eu discordo disso. Como alguém que ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas em outros lugares, é preciso muito trabalho."
Jake Tapper: "One doesn’t have to be brilliant to attempt a coup."
— Justin Baragona (@justinbaragona) July 12, 2022
John Bolton: "I disagree with that. As somebody who has helped plan coup d’etat, not here, but other places, it takes a lot of work." pic.twitter.com/REyqh3KtHi
Quando o apresentador pediu a Bolton que detalhasse em quais países ele planejou golpes, Bolton fez alusão a um livro recente sobre as atividades dos EUA na Venezuela em 2018 e 2019, quando servia como conselheiro de Segurança Nacional e o os EUA haviam reconhecido formalmente o líder da oposição Juan Guaidó como presidente do país.
Além de trabalhar no governo Trump, Bolton foi embaixador das Organizações das Nações Unidas (ONU) no governo George W. Bush, sendo um um dos grandes articuladores da invasão do Iraque após o 11 de Setembro.
John Bolton e Bolsonaro
Em 29 de novembro de 2018, dias após sua eleição, Jair Bolsonaro recebeu o assessor de Donald Trump em sua casa no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o presidente eleito recebeu Bolton prestando continência ao estadunidense. No encontro, estavam presentes ainda os generais Augusto Heleno e Fernando Azevedo e Silva, além do futuro chanceler Ernesto Araújo e do senador eleito Flávio Bolsonaro.
No início daquele mês, antes de vir ao Brasil, Bolton fez um discurso em Miami onde não escondia seu ímpeto golpista. "A 'Troika da tirania', esse triângulo de terror que se estende de Havana (Cuba), a Caracas (Venezuela) e a Manágua (Nicarágua), é a causa do imenso sofrimento humano, motivo de enorme instabilidade regional e a origem de um sórdido berço do comunismo no hemisfério ocidental", afirmou. "Os Estados Unidos estão ansiosos para ver cada vértice deste triângulo cair. A Troika vai desmoronar."
Edição: Nicolau Soares