O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou o bônus de inverno para 7,5 milhões de pessoas no valor de US$ 120 (cerca de R$ 650), o que irá beneficiar famílias vulneráveis do país. A medida ainda deve ser aprovada pelo Congresso para ser implementada. O presidente chileno apresentou a proposta à Comissão da Fazenda e pediu a "maior celeridade possível" na análise do texto.
"Depois da pandemia, nosso país e o mundo não puderam se recuperar e a isso se somou o conflito entre Rússia e Ucrânia. Sabemos o que o nosso povo está passando", declarou Boric.
O país encerrou o mês de junho com uma inflação de 12,5%. Em maio, o país registrou um recorde no aumento dos preços dos alimentos, com um incremento de 1,4%, levando o índice de preços ao consumidor a um valor de 10,5%. O mandatário chileno reconheceu que os próximos meses serão difíceis.
Boric também estendeu para o final de 2022 a vigência de outras três políticas econômicas que fazem parte do seu plano "Chile Apoia". São elas: extensão do subsídio Protege aos desempregados; aumento do período de licença pós-natal para até 60 dias para quem terminar sua licença atual entre julho e setembro; e extensão do IFE Laboral: um incentivo direto mensal de até US$ 100 pago por três meses a trabalhadores recém empregados com renda inferior a três salários mínimos.
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Em maio, o parlamento chileno aprovou a proposta do governo de aumento do salário mínimo de maneira gradual. A partir de agosto, o valor pago chegará a 400 mil pesos, equivalente a U$ 400 (cerca de R$ 2 mil).
Desmontando a desigualdade?
O Chile foi o país da América Latina que concentrou o maior nível de patrimônio entre seus ultrarricos em 2021 em relação ao tamanho de sua economia. A fortuna dos bilionários representou 16% do Produto Interno Bruto (PIB) chileno, de acordo com levantamento de 2021 da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). Segundo ranking da revista Forbes, o ex-presidente Sebastián Piñera é um dos homens mais ricos do Chile.
O Relatório da Desigualdade Mundial de 2022 indica que a parcela de 1% mais rica do Chile concentra 49,6% de toda a riqueza do país. Este 1% tem um ingresso médio mensal de US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões) e patrimônio de cerca de US$ 1,25 bilhão (R$6,25 bilhões), segundo dados do ministério da Fazenda chileno. O Chile é considerado o laboratório de políticas neoliberais na região desde a subida ao poder da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Diante deste cenário, outro projeto do governo chileno, que está em debate no Congresso, é uma reforma tributária para aumentar os impostos sobre os mais ricos para aumentar em 5% a arrecadação do Estado.
Edição: Arturo Hartmann