Atualmente, vivem cerca de 82 mil brasileiros na Argentina. De pouco mais de 7 mil brasileiros registrados para votar no país em 2018, há, nesta sexta-feira (15), 12.746 eleitores habilitados. Assim, desde a última eleição presidencial, o número de eleitores brasileiros cresceu 78% na Argentina, única capital da América Latina a registrar esse aumento.
O aumento é expressivo também se comparado ao avanço entre as eleições de 2014 e 2018. A população brasileira apta para votar na Argentina era de 6.018, um aumento de 19% para 2018. O eleitorado se concentra principalmente na província de Buenos Aires (91%), seguida de Córdoba (7%), Mendoza (2%), Paso los Libres (18 eleitores) e Puerto Iguazú (30 eleitores).
Os dados foram divulgados pelo Núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) na Argentina, e único na região. "Os números falam pelo excelente trabalho que o Núcleo do PT na Argentina, em parceria com o dezenas de organizações, vem realizando nos últimos meses", diz o coordenador do núcleo na Argentina, Paulo Pereira.
"O pico de regularizações tem data justamente quando fizemos a campanha 'Tirar o título para tirar o Bolsonaro'", afirma, citando a campanha que o núcleo empenhou na Cidade Autônoma de Buenos Aires, onde vive a maior parte da comunidade brasileira no país. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstram que o aumento do registro de eleitores na Argentina se concentrou nos meses de março e maio desde ano, que coincidem com as ações do núcleo para a comunidade brasileira no país. O período para transferir o título para a Argentina neste ano foi encerrado em maio.
Paulo Pereira, coordenador do núcleo do PT na Argentina. / Igor Freitas
Além da campanha, destacam que o aumento do eleitorado brasileiro pode ser reflexo da maior participação da população em atos contrários à gestão de Jair Bolsonaro (PL), a partir de 2019. Durante a visita de Bolsonaro ao ex-presidente argentino Mauricio Macri, em 2019, um ato político e cultural concentrou centenas de manifestantes na Praça de Maio em repúdio aos mandatários.
O relatório também destaca que o eleitorado é conformado em sua maioria por mulheres, com 66%, e 57% por homens. Em nível educacional, 60% tem nível universitário ou universitário incompleto — o que se reflete pela grande migração de jovens brasileiros ao país para ingressar na faculdade — e 30% tem o ensino secundário completo.
Em uma comparação com outros países do continente, o número de eleitores brasileiros na Argentina se destaca. Só na cidade de Buenos Aires, com 11.570, o número de eleitores brasileiros supera a de outras capitais da América Latina, como Cidade do México (3.950), Santiago do Chile (3.295), Montevidéu (2.410) e Assunção (2.258).
No segundo turno de 2018, o candidato Fernando Haddad (PT) venceu por 5 pontos percentuais na Argentina. No Brasil, Bolsonaro venceu por 11 pontos percentuais, com 55,21% dos votos válidos contra 44,79% de votos ao Haddad.
Edição: Thales Schmidt
