A Petrobras anunciou nesta terça-feira (19) que vai baixar em 4,9% o preço da gasolina vendida pela empresa em suas refinarias. Esta é a primeira redução do combustível no ano e, segundo a estatal, está relacionada à queda do preço do barril do petróleo.
A redução dos preços vale a partir de quarta-feira (20). Antes de ela ser aplicada, a gasolina vendida pela Petrobras já havia subido 31% no ano.
O combustível começou o ano vendido a R$ 3,09 por litro nas refinarias. Foi reajustado com o passar dos meses e atingiu R$ 4,06 em junho. Agora, voltará a ser vendido a R$ 3,86 por litro. O valor é exatamente o mesmo praticado pela estatal até seu último aumento.
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Segundo a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,96 para R$ 2,81 por litro do combustível vendido na bomba, em média.
"Essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras", informou a companhia, em seu comunicado sobre a redução.
O preço do petróleo subiu em 2022 por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro. O barril começou o ano cotado a cerca de 70 dólares. Atingiu 125 dólares em março. Atualmente, está em cerca de 100 dólares – valor que ainda é alto historicamente.
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Redução antes de eleição
O preço dos combustíveis da Petrobras vinha sendo motivo de reclamações do presidente Jair Bolsonaro (PL) para a gestão da estatal. Apesar de nunca ter agido para alterar a política de preços da Petrobras, Bolsonaro demitiu dois presidentes da empresa neste ano.
Bolsonaro também encampou uma série de projetos para redução do preço dos combustíveis meses antes da eleição: cortou impostos federais sobre a gasolina e pressionou os estados a reduzir o Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) cobrados sobre todos os combustíveis.
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Só a desoneração, segundo o governo, deveria reduzir em 24% o preço médio da gasolina no país a partir deste mês ante ao preço do mês passado.
Com a queda no preço da gasolina nas refinarias, essa redução tende a ser maior, a de três meses para eleição.
Campeão em aumentos
Desconsiderando essas reduções recentes, o governo Bolsonaro é campeão em aumentos da gasolina, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O preço do combustível acumulou em seu governo, até junho, uma alta semelhante à registrada durante os mais de 13 anos em que membros do Partido dos Trabalhadores (PT) presidiram o país.
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De janeiro de 2019 – quando Bolsonaro assumiu à Presidência – a junho de 2022, a gasolina subiu 69%, segundo dados da ANP tabulados pelo Observatório Social do Petróleo (OSP).
Já de janeiro de 2003 – quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse – a maio de 2016 – mês em que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi afastada por conta do processo de impeachment –, o o preço subiu 72%.
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Edição: Thalita Pires