Nesta sexta-feira (22), a justiça estadunidense condenou Steve Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump, a dois anos de prisão e multa de US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão) por negar-se a cooperar com as investigações sobre a invasão do Congresso em janeiro de 2021.
Nas últimas semanas, a imprensa local revelou áudios de outubro de 2020, com Bannon dizendo que Trump não iria reconhecer o resultado das eleições presidenciais caso perdesse, e declararia vitória antes do fim da apuração, a fim de provocar distúrbios e garantir sua permanência na Casa Branca.
O político de extrema-direita havia sido indiciado em setembro do ano passado por não cooperar com o comitê do Congresso que investigava a invasão ao Capitólio. A intimação exigia que Bannon apresentasse documentos até 7 de outubro e prestasse depoimento até 14 de outubro de 2021.O ex-assessor não compareceu aos tribunais e sua defesa alegou perseguição política.
De acordo com a comissão investigativa do Congresso, Bannon se manteve em contato com Trump para tentar reverter os resultados eleitorais. O processo inclui gravações que confirmam a presença de Bannon em uma reunião com o ex-presidente e outros assessores no dia 5 de janeiro com o objetivo de "persuadir os membros do Congresso a não ratificar a eleição no dia seguinte".
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Diante da ausência de Steve Bannon, o comitê parlamentar levou ao pleno uma acusação de desacato ao Congresso, que finalmente foi aprovada em 18 de outubro, com 229 votos favoráveis e 202 contrários.
A votação dividiu o Partido Republicano, com nove congressistas votando contra Bannon. A acusação de desacato foi encaminhado ainda no ano passado ao Departamento de Justiça dos EUA.
Já em novembro de 2021, Bannon se entregou ao Departamento Federal de Investigação (FBI) e foi preso. "Estamos derrubando o regime de Biden, eu quero que vocês fiquem focados, isso é só ruído", disse antes de se entregar. Já em junho deste ano, o político pagou fiança de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões) e foi liberado.
Antes disso, ele já havia sido detido em agosto de 2020 sob a acusação de desviar dinheiro de uma campanha de apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México – que havia sido uma das promessas da campanha de Trump em 2016.
Nesta sexta (22), após três horas de discussão, os 12 magistrados da Corte de Justiça estadunidense declaram que Bannon se sentiu acima da lei para garantir lealdade ao ex-presidente.
"Nosso governo só funciona se as pessoas aparecerem, só funciona se as pessoas seguirem as regras e só funciona se as pessoas forem responsabilizadas quando não o fizerem", disse a promotora Molly Gaston durante as declarações finais.
Edição: Thalita Pires