25 de julho

Marchas, doações de alimentos, romaria e acampamento marcam o dia da agricultura familiar

Ações aconteceram em Maceió (AL), Aracaju (SE), Valinhos (SP), São Paulo (SP) e em Guarapuava (PR)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"Mesmo com todas as dificuldades, estamos produzindo, comercializando e doando", afirma dirigente do MST em Maceió - Angelo Amorim

Depois de caminhar por 14 km, três mil trabalhadores rurais chegaram ao centro de Maceió (AL) nesta segunda-feira (25), dia da agricultura familiar e também Dia Nacional Tereza de Benguela e Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.  

Na capital de Alagoas, os manifestantes montaram um acampamento em frente ao Palácio do Governo, conseguiram uma reunião com o governador Paulo Dantas (MDB) para pautar a necessidade de políticas públicas para o campo e doaram 10 toneladas de alimentos na Vila Brejal, área periférica da cidade. 

O ato juntou oito organizações: a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Frente Nacional de Luta (FNL), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e o Movimento Terra Livre.  

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Como parte das ações de solidariedade, durante a tarde desta segunda (25), os movimentos organizaram transporte para levar, do acampamento em frente à sede do governo estadual, pessoas para doarem sangue no Hemocentro de Alagoas (HEMOAL). 

Entre as principais pautas apresentadas a Dantas está a retomada das negociações para aquisição das terras da massa falida do Grupo João Lyra para o assentamento das famílias hoje acampadas, além do avanço das tratativas para aquisição de terras que estão com negociação paralisada no último período, aguardando somente posição do governo estadual para avançar. 


Três mil trabalhadores rurais chegando ao centro da capital de Alagoas / Angelo Amorim

“Estamos aqui, vamos cobrar, e se não realizar, vamos voltar. O que não dá é para as pessoas passarem mais anos esperando que os acampamentos sejam transformados em assentamentos”, assegurou José Neto, da direção nacional do MST em Alagoas.   

Em Aracaju (SE), camponeses também foram às ruas. “25 de julho, dia d@ trabalhad@r rural: por um plano de agricultura camponesa, familiar e pela reforma agrária”, lia-se na faixa de frente da manifestação.  

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Em São Paulo (SP), o MST distribuiu 500 kg de arroz agroecológico com a Associação Cáritas São Francisco de Jandira, que atende cerca de mil crianças. A ação foi feita por militantes da Comuna Urbana Dom Helder Câmara, que esse ano completa uma década.

Outras atividades aconteceram no estado durante o fim de semana. A Comuna da Terra Irmã Alberta, um território do MST localizado em Perus, na periferia da zona norte da capital paulista, comemorou seus 20 anos de existência com um ato político-cultural, apresentação de teatro e bolo. 

No último sábado (23), a ação foi organizada pelo MST e a CPT no Acampamento Marielle Vive, em Valinhos, interior paulista. A 23ª Romaria da Terra, das Águas e das Florestas de São Paulo contou com café da manhã coletivo, celebração ecumênica, mística e plantio de mudas de árvores.  

Já no Paraná, na última sexta-feira (22), 25 comunidades do MST dedicadas à agricultura familiar se juntaram para fazer uma ação de doação de 52 toneladas de alimentos para famílias urbanas do município de Guarapuava.  

O governador de Alagoas recebeu, dos movimentos, uma proposta de plano emergencial para o campo, que inclui a desapropriação de terras para a regulamentação de assentamentos de reforma agrária.  

“Se isso de fato for cumprido, vamos conseguir ter uma vida digna no campo, avançar na produção para comercializar, mas também para doar e ajudar no combate à fome, que é uma coisa alarmante”, avalia José Neto, ao lembrar que atualmente há 33,1 milhões de pessoas no Brasil sem ter o que comer.  

“As pessoas estão na fila para comprar osso, pé de galinha, estão comprando soro ao invés de leite. Não podemos admitir isso. É preciso construir um projeto de reforma agrária para melhorar a vida de quem está no campo, mas também de quem está na cidade”, defende.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho