Marcos Silva, 36 anos, é analista de web design e funcionário público. Mesmo com estabilidade no emprego e ganhando uma boa faixa salarial, com o aumento da inflação, Marcos teve o poder de compra que garantia um padrão de vida confortável para sua família corroído. "Antes tínhamos condições de comprar alimentos de qualidade. Hoje até a carne moída vermelha, por conta do preço, está virando luxo. A não ser os alimentos ultraprocessados, tudo aumentou muito", diz.
A realidade de Marcos tem sido a de 60% dos brasileiros - inclusive os de classe média - que tiveram que cortar gastos entre o último semestre de 2021 e o primeiro deste ano, de acordo com pesquisa apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no final de abril. Produtos considerados essenciais passaram a se tornar raros nos carrinhos de supermercado das famílias brasileiras, como, por exemplo, o tomate, que teve aumento de 117% no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Com pouco dinheiro circulando, os pequenos e microempresários do setor de serviços, sentem. Apesar da recuperação do setor de serviços por conta da reabertura após a flexibilização dos protocolos sanitários para combate da pandemia de covid-19, a inflação tem impedido uma melhoria mais robusta.
Joana Araújo, cabeleireira, 54, é uma das microempresárias que sente a dificuldade do momento. Dona de um estabelecimento de beleza pequeno, no bairro Santa Cândida, região norte de Curitiba, comenta que o valor de luz, água e produtos que usa no salão acaba impactando no valor final para o consumidor.
"Passamos por dificuldades grandes por causa da pandemia, nosso faturamento caiu quase a zero. Melhorou agora, nossas clientes estão voltando, mas com tudo caro, fica difícil para segurarmos os valores", relata.
A cabeleireira ainda conta que, com o aumento dos valores que acaba repassando para suas clientes, a recuperação do negócio fica comprometida. "A luz está mais cara, os produtos que usamos aqui estão mais caros para comprar, o aluguel foi reajustado. Eu apostava que iríamos recuperar melhor, mas do jeito que está, estamos batalhando para pagar as contas e só", reclama.
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Com a inflação galopante e o poder de compra corroído, o governo Bolsonaro ainda tenta cartadas para controlar a situação econômica em ano eleitoral. Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou um Projeto de Emenda a Constituição que prevê a ampliação de benefícios e auxílios sociais, como o Auxílio Brasil, subsídio para combustíveis, entre outras medidas.
Contudo, o poder aquisitivo dos trabalhadores continua achatado. Marcos Silva, cita que em anos anteriores conseguia comprar, por exemplo, eletrodomésticos. Hoje, compra apenas o básico. "Comer de forma saudável está se transformando em luxo. Em outros anos, sempre sobrava um dinheiro para comprar uma geladeira nova, mesmo parcelada, uma TV. Hoje o que sobra é para comida e contas", diz.
Sobre a queda do valor dos combustíveis, por exemplo, Marcos é taxativo. "É tipo Black Friday: está tudo pela metade do dobro. Ajudou a queda na gasolina, mas pagávamos bem menos em outros anos", conclui.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini