DUELO DE GIGANTES

Biden e Xi Jinping dialogam por telefone sobre tensões entre China e EUA

Taiwan e guerra comercial foram temas das 2h de conversa entre os presidentes das maiores potências mundiais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

O presidente dos EUA, Joe Biden, conversou durante 2h com seu homólogo chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira (28), buscando diminuir tensões bilaterais - Mandel Ngan e Anthony Wallace / AFP

Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram por telefone nessa quinta-feira (28) para tentar dirimir as tensões diplomáticas entre os dois países. Durante cerca de duas horas, os chefes de Estado das duas maiores potências econômicas mundiais falaram sobre as interferências estadunidenses em Taiwan. A ilha reivindica independência, mas o governo chinês sustenta o princípio de "um país, dois sistemas" para manter o território sob controle.

"Aqueles que brincam com fogo só vão se queimar. Espero que os EUA possam ver isso claramente", disse o presidente chinês a Biden durante a ligação. A declaração de Xi remete às constantes investidas do Pentágono no estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China, assim como as declarações do chefe da Casa Branca de apoio aos governantes taiwaneses.

Em 2022, houve quatro ocasiões em que os Estados Unidos enviaram navios militares para as águas jurisdicionais chinesas. O último movimento foi no dia  17 de julho, quando os EUA enviaram o destroyer (contratorpedeiro) USS Benfold para as ilhas Nasha, no sudeste do mar do Sul da China.

Leia também: China diz que "Taiwan não é Ucrânia" e sanciona empresas dos EUA por venderem armas à ilha

Na última segunda-feira (25), Taiwan iniciou a segunda etapa dos seus exercícios militares anuais, chamados Han Kuang (Glória de Han), afirmando preparar-se para um "possível ataque chinês". Além de testar aeronaves de guerra, também provaram mísseis de fabricação estadunidense do tipo Stinger - os mesmos utilizados pela Ucrânia no conflito com a Rússia. 

As autoridades chinesas também criticaram a possibilidade de visita da presidenta do Congresso estadundinese, Nancy Pelosi  à ilha de Taiwan. Segundo a imprensa estadunidense, a líder do partido Democrata planejava visitar o território asiático em agosto. Seria a primeira visita de um presidente do Legislativo dos EUA a Taiwan em 25 anos - o último congressista a visitar a ilha asiática foi o republicano Newt Gingrich, em 1997.   

Apesar das tensões, a chancelaria chinesa emitiu um comunicado reiterando que o principal objetivo da conversa é desfazer uma "má interpretação" sobre a relação bilateral, que coloca Pequim como rival estratégico de Washington.

A Casa Branca ainda não divulgou sua própria leitura da ligação, mas o porta-voz de Segurança Nacional, John Kirby, ofereceu uma coletiva de imprensa, afirmando que Biden "quer garantir que as linhas de comunicação com o presidente Xi permaneçam abertas porque precisam. Há questões em que podemos cooperar com a China, e há questões em que obviamente há atrito e tensão".

Apesar de a administração democrata oferecer um discurso menos hostil, na prática Joe Biden manteve todas as tarifas impostas aos produtos chineses durante a guerra comercial desatada por Donald Trump.

Na última quarta-feira (27), o Senado dos EUA também aprovou uma nova legislação que estabelece a construção de plantas industriais de alta tecnologia no território estadunidense, a fim de diminuir a dependência dos semi-condutores fabricados na China.

A China é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos — e vice-versa. O comércio de bens e serviços dos EUA com a China totalizou cerca de US$ 615,2 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões) em 2020, com uma balança comercial favorável ao lado asiático. 

Edição: Thalita Pires