ACORDÃO

Presidente do Senado da Colômbia oferece direção da Comissão anticorrupção a Rodolfo Hernández

Ex-candidato presidencial de extrema direita é processado por esquema de corrupção durante mandato como prefeito

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O presidente do Senado colombiano, Roy Barreras, ofereceu criar uma comissão para ser presidida por Rodolfo Hernández, ex-candidato presidencial de extrema direita - Reprodução / Twitter

O novo presidente do Senado colombiano, Roy Barreras, membro do Partido Liberal e da bancada governista, reuniu-se com o senador e ex-candidato à presidência, Rodolfo Hernández, e lhe ofereceu a condução da comissão anticorrupção do Senado. Hernández, membro da Liga Anticorrupção, ficou em segundo lugar na disputa pela presidência, com 47% da votação no último 19 de junho. Segundo a constituição colombiana, a chapa segundo colocada na disputa pelo Executivo assume uma cadeira no Senado (o candidato derrotado à presidência) e uma na Câmara (o vice).

"Rodolfo figura como líder da oposição, afinal são mais de 10 milhões de votos que lhe dão peso no Senado", analisa o advogado colombiano, Olimpo Cárdenas Delgado.

A indicação recente vem depois de um conflito entre ambos. Logo após a designação de Barreras para assumir o controle do Senado, no dia 20 de julho, Hernández fez críticas públicas a ele, afirmando que, como um representante dos partidos tradicionais, não iria priorizar o combate à corrupção, um dos lemas de sua campanha à presidência. 

A oferta do presidente do Senado a Hernández confirma o discurso do Pacto Histórico de realizar um "grande acordo nacional" pelo país. Barreras propôs criar a Comissão Acidental de Combate à Corrupção que seria presidida por Hernández, dando "garantias para todos", disse durante reunião na última terça-feira (26). 

Leia também: Frente de esquerda na Colômbia deve ser "fiel aos princípios" se chegar ao poder, diz deputado

"O objetivo de Roy Barreras é seguir consolidando uma maioria robusta para poder definir todas as reformas na agenda do Pacto Histórico. Entende-se os motivos do Pacto Histórico, mas poderiam estar cruzando algumas linhas vermelhas para parte do eleitorado, que está esperando que as mudanças não sejam apenas na aplicação de reformas, mas também na forma de fazer política", analisa Olimpo Cárdenas Delgado.
 


Rabo preso

Apesar de usar o combate à corrupção como principal slogan político, Rodolfo Hernández é acusado de liderar esquemas corruptos na sua gestão como prefeito de Bucaramanga, capital do departamento de Santander, entre 2016 e 2019. 

Num processo aberto em 2020 pelo Ministério Público colombiano, o atual senador é acusado de ter favorecido a empresa Vitalogic na concessão da licitação dos serviços de coleta de lixo na cidade. O contrato de 30 anos no valor de US$ 570 milhões previa uma comissão de 2,2% para o lobista que colocou a empresa em contato com o ex-prefeito e US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) ao filho de Hernández, Luis Carlos Hernández.

No dia 19 de junho, Hernández enfrentaria a audiência final do caso, mas por assumir a cadeira no Senado, passou a ter imunidade parlamentar e o processo deverá ser analisado pela Corte Suprema de Justiça.

"Definitivamente não é uma pessoa idônea, é uma pessoa perigosa em relação ao manejo dos recursos. O caso Vitalogic é o mais delicado pelo montante de dinheiro. Amanhecerá e veremos. Boa parte da população colombiana acredita que Rodolfo é um velhinho pragmático que iria acabar com a corrupção porque era seu lema de campanha. Mas já sabemos que na América Latina quase todos que levam a corrupção como tema central de campanha são os corruptos", conclui Delgado. 

Edição: Arturo Hartmann