O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta terça-feira (9), foi marcado por mobilizações dos povos originários em diferentes partes do Brasil contra a política anti-indígena de Jair Bolsonaro (PL). Servidores da Funai também se mobilizaram pela garantia dos direitos indígenas e lembraram as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
Em São Paulo (SP), indígenas ocuparam a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) com discursos, palavras de ordem e rituais. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que representa indígenas de todas as regiões do país, solicitou à Justiça Federal o afastamento imediato do presidente da Funai, Marcelo Xavier. A Apib também acionou o MPF para pedir que Xavier seja investigado por improbidade administrativa.
"Nós não vamos tolerar essa sequência de retiradas de direitos dos povos indígenas e o descaso com as nossas vidas e a mobilização do Dia Internacional dos Povos Indígenas é parte de uma série de ações que estamos preparando", afirmou Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib.
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O afastamento do presidente da Funai já foi requerido no final de julho pelo próprio MPF, pelo crime de denunciação caluniosa. Xavier teria acusado falsamente servidores da Funai e integrantes da Associação Waimiri Atroari por tráfico de influência e prevaricação, mesmo sabendo que eram inocentes.
Em Brasília (DF), servidores se reuniram em frente à Funai e pediram justiça por Bruno e Dom, mortos há dois meses no Vale do Javari, e pelo indigenista Maxciel Pereira dos Santos, cujo assassinato segue sem respostas desde 2019. Os manifestantes também pediram a saída de Xavier.
Em Fortaleza (CE), um debate na Assembleia Legislativa abordou os impactos do desmonte da política indigenista no Ceará e no Brasil. Em Baía da Traição (PB), um evento de entidades que representam servidores do setor lançou uma carta de compromisso em defesa do meio ambiente, das comunidades quilombolas e pesqueiras e dos povos indígenas.
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"Temos feito vigílias semanais há dois meses reivindicando a retomada da Funai pelos indígenas e servidores de carreira e contra o aparelhamento político. A atual gestão reza a cartilha do Governo Bolsonaro, de orientação anti-indígena e anti-indigenista", explicou Mônica Carneiro, da diretoria do Sindicato do Servidores públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep).
As palavras de ordem "Fora Xavier" ecoaram em Feira de Santana (BA), onde a BR-116 foi interditada por manifestantes. Indígenas marcharam até unidades regionais do Ministério Público Federal (MPF) para protocolar o pedido de afastamento do presidente da Funai. Entre as cidades onde houve a mobilização político-jurídica, estão Serra Talhada (PE) Guaíra (PR) e Ilhéus (BA).
Edição: Thalita Pires