Política indigenista

Indígenas e ativistas realizam ato nacional em defesa da Funai

Manifestantes reivindicam resgate da Fundação; investigação de assassinatos e saíde de atual presidente do órgão

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Auricélia Arapiun e Kleber Karipuna durante ato na manhã desta terça (9), em Brasília - Adenauer Cunha

Indígenas, servidores da Funai e ativistas realizam nesta terça-feira (9) um ato nacional pela retomada da missão indigenista da Fundação; pelas investigações dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados há dois meses no Vale do Javari, e do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, cujo assassinato, em 2019, segue sem respostas até hoje. Os manifestantes também pedem a saída do atual presidente da Funai, Marcelo Xavier.

“Temos feito vigílias semanais há dois meses reivindicando a retomada da Funai pelos indígenas e servidores de carreira e contra o aparelhamento político. A atual gestão reza a cartilha do Governo Bolsonaro, de orientação anti-indígena e anti-indigenista”, explicou Mônica Carneiro, da diretoria do Sindicato do Servidores públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep).

O ato é nacional, sendo realizado de forma simultânea em todas as unidades da Funai no país neste dia 9 de agosto, data em que se celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Em Brasília, o ato está sendo realizado no gramado em frente à Funai, no Setor Comercial Sul.

Pela manhã, os participantes leram um manifesto em defesa da Funai e dos povos indígenas. “Sabemos que para inverter a orientação anti-indígena e anti-indigenista da atual administração da Funai precisamos manter a pressão e a vigilância constantes”, consta em um trecho do documento.

Auricélia Arapiun, coordenadora do Comitê Indigenista Tapajós e Arapiuns (CITA), disse que a atual gestão da Funai, alinhada com o Governo Federal, promovem uma política de destruição, facilitando a entrada de garimpeiros, traficantes e outros criminosos em terras indígenas. “Mesmo com todas as tentativas do Bolsonaro de matar os povos indígenas, ela não conseguiu. E não conseguiu por causa da força do movimento indígena”, disse.

Cleber Karipuna, liderança indígena de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), chamou a atenção para o fato de que o desmantelamento pode ser ainda mais grave até o fim do atual governo. “Vamos continuar firmes nessa resistência porque ainda temos um período longo no qual eles podem tentar, a depender do resultado que vamos ter em 2 de outubro, acabar ainda mais com a política indigenista, tramitando e passando propostas no Congresso Nacional contra os povos indígenas”.

Bruno, Dom e Max

O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram emboscados e mortos no dia 5 de junho, quando viajavam, de barco, pela região do Vale do Javari. Localizada próxima à fronteira brasileira com o Peru e a Colômbia, a região abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol oficial). A área também abriga o maior número de indígenas isolados ou de contato recente do mundo.

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O também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, foi morto em 2019 com dois tiros em uma das principais avenidas de Tabatinga (AM). O caso não foi solucionado até hoje.

Vigília

A vigília de indígenas e servidores da Funai será realizada ao longo de todo o dia. Além dos momentos de fala e reivindicações, também será realizada uma programação cultural.

De acordo com a organização, entre 18h e 20h30 haverá apresentações artísticas e culturais para os participantes.

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino