O primeiro debate eleitoral entre candidatos ao cargo de governador do RS aconteceu neste domingo (7), na Bandeirantes/RS. Segundo a editoria do canal, o objetivo foi proporcionar o "confronto de ideias e propostas, para que o eleitor gaúcho possa fazer sua melhor escolha no dia da eleição". O jornalista Oziris Marins mediou o encontro.
Dos 10 candidatos ao Piratini, somente oito foram convidados pela Band/RS, conforme regras estipuladas pelo TSE. Entre estes oito que compareceram, ressalta a ausência de candidatos negros: todos eles são homens e brancos. Ficaram de fora do debate Marco Della Nina (Patriota) e Rejane de Oliveira (PSTU). Esta última, a única mulher a disputar o Executivo. A situação contrasta com as estatísticas eleitorais, que afirmam haver no RS um eleitorado predominantemente feminino (53% dos aptos a votar).
Os partidos têm até o dia 15 de agosto para formalizar o registro junto ao TSE. Até o momento, apenas sete dessas candidaturas aparecem no site do Tribunal Eleitoral. Na ordem em que foram anunciados pela Band/RS, compareceu ao debate:
Vieira da Cunha (PDT), 62 anos, Procurador da Justiça, natural de Cachoeira do Sul (RS), já foi deputado estadual e federal;
Edegar Pretto (PT), 51 anos, de Miraguaí (RS), é graduado em Gestão Pública, é deputado estadual;
Eduardo Leite (PSDB), 37 anos, de Pelotas (RS), formado em Direito, já foi governador do RS e prefeito de sua cidade natal;
Luis Carlos Heinze (PP), 71 anos, de Candelária (RS), é engenheiro agrônomo e Senador da República. Já foi prefeito em São Borja e deputado federal;
Onyx Lorenzoni (PL), 67 anos, de Porto Alegre (RS), é médico veterinário e empresário. Deputado federal e ex-ministro do governo Bolsonaro;
Ricardo Jobim (Novo), 46 anos, de Santa Maria (RS), é advogado;
Roberto Argenta (PSC), 69 anos, de Gramado (RS), é empresário. Já foi deputado federal e prefeito de Igrejinha;
Vicente Bogo (PSB), 65 anos, de Rio D'oeste (SC), é professor, já foi deputado federal e vice-governador do RS.
Destes, com exceção de Eduardo Leite (37) e Ricardo Jobim (46), todos os candidatos têm mais de 50 anos (a idade mínima para concorrer ao cargo de governador é de 30 anos).
Candidatos falam sobre investimentos e Regime de Recuperação Fiscal
No 1° bloco, foi feita a mesma pergunta para todos os candidatos, que tiveram um minuto para resposta. O questionamento proposto pelo Grupo Bandeirantes foi "Diante das limitações do Plano de Recuperação Fiscal, a queda na arrecadação para 2023, e a necessidade de orçamento nas mais diversas áreas, quais serão as fontes de recursos utilizadas para garantir investimentos no estado".
De acordo com sorteio realizado previamente, começou respondendo Roberto Argenta (PSC), que propôs discutir os juros da dívida. "Nós entendemos que com juros de 6% ao ano, em 11 anos dobra a dívida", disse. Além disso, afirmou que irá reduzir custos, diminuindo o número de secretarias e cargos em comissão, além de "desperdício zero" e venda de mais de 14 mil imóveis que estão sem uso, inclusive o Palácio das Hortênsias, em Canela.
"O melhor plano de recuperação fiscal é gerar empregos, isto ativa a economia e aumenta a arrecadação do estado", afirmou Argenta.
Na sequência, Ricardo Jobim (Novo) disse que defende o modelo aplicado em Minas Gerais, estado governado por um integrante de seu partido, Romeu Zema. "Ele conseguiu tirar o estado de uma situação muito complicada e colocar MG no 1° lugar do ranking de competitividade".
Jobim também afirma que agora se faz necessário o debate da recuperação fiscal, pois todos os partidos que governaram o RS anteriormente acabaram por endividar o estado. Para resolver essa situação, aposta na "liberdade econômica, que o Estado pare de atrapalhar a vida das pessoas".
Vieira da Cunha (PDT), por sua vez, afirmou que o caminho dos investimentos não será com as privatizações, pois elas aportam recursos que são extraordinários, mas que se esvaem rapidamente. "Precisamos de medidas estruturantes, que efetivamente resolvam os problemas, começando por uma gestão eficiente", disse.
Cunha também afirmou que é necessário combater a sonegação de impostos e rever os benefícios fiscais, além de contestar, inclusive judicialmente, se necessário, a dívida "absurda" com a União.
Edegar Pretto (PT) afirmou que pretende rever o Regime de Recuperação Fiscal, pois considera que este é um "péssimo acordo para nosso estado, que congela o orçamento e coloca o RS de joelhos perante a União, nos condenando a uma subordinação completa". Pretto disse ainda que pretende utilizar o orçamento do estado para investir nos setores produtivos, principalmente na indústria e agricultura, para gerar mais arrecadação.
Luis Carlos Heinze (PP) afirmou que o atual governo não pagou praticamente nada da dívida do estado com a União. Se eleito, afirmou que irá propor um pacto entre os estados devedores para com a União, para que essa dívida possa ser paga. Além disso, Heinze propôs estruturar um programa para facilitar a vida do empreendedor.
Vicente Bogo (PSB), afirmou que "não há milagre, o que há de se fazer é trabalhar e utilizar de todos os instrumentos possíveis para organizar bem o estado para buscar o equilíbrio fiscal". Também pretende renegociar a dívida do estado. Disse também que o endividamento do estado é causa das crises econômicas e políticas. Nesse sentido, a geração de renda e riquezas será uma forma de evitar esse endividamento.
Onyx Lorenzoni (PL) ressaltou os feitos do governo Jair Bolsonaro, que ajudou a construir enquanto ministro. Falou que o governo enfrentou duas guerras: a sanitária e a da Ucrânia, além de ter tornado o Brasil a 10° economia do mundo. "Aqui e em outros lugares se fizeram outras escolhas. Eu respeito, mas não aceito, eu vou ficar sempre do lado da população gaúcha", disse Onyx.
Eduardo Leite (PSDB) argumentou que o Regime de Recuperação Fiscal impõe limitações às despesas, "para que nunca mais o RS volte a viver o que viveu no passado, com atrasos no pagamento dos salários de servidores, no pagamento a hospitais e aos fornecedores de medicamentos".
Nesse sentido, disse que o RS "virou o jogo", em um esforço combinado com o governo que o antecedeu (Sartori), para que o Regime de Recuperação pudesse ser assinado e o estado poder voltar a pagar a dívida de forma segura. Afirmou que isso é um "atestado da responsabilidade fiscal de seu governo.
Renúncia de Eduardo Leite é criticada
A renúncia do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) foi muito criticada nesse primeiro debate. Leite renunciou no final de março deste ano para tentar concorrer à Presidência da República. "A palavra para o gaúcho é inegociável. O governador disse que não concorreria à reeleição e está concorrendo. Renunciou ao mandato sem dizer para o quê, em um momento em que 25 mil empresas estão fechando as portas", criticou Edegar Pretto.
Heinze afirmou que "Leite se elegeu dizendo que não concorreria à reeleição. Fez assim em Pelotas e cumpriu. Aqui foi diferente. Ele renunciou para concorrer ao governo federal. Era legítimo. Acabou não conseguindo a vaga dentro do seu partido, perdeu nas prévias e daqui a pouco chega ao Rio Grande do Sul e hoje é nosso concorrente".
“Nós estranhamos essa posição. Disse uma coisa e não fez. É legítimo concorrer. Sai do governo, leva a aposentadoria, a sociedade pressiona e renuncia a aposentadoria. É uma encenação", avaliou Heinze.
Já Onyx disse que o governo do tucano “priorizou um projeto de poder, que era o seu. Existe honra maior para um gaúcho do que governar o Rio Grande do Sul? O senhor renunciou em busca de um sonho presidencial que já sabia que estava derrotado. O Rio Grande do Sul não é importante? O Rio Grande quer homens de valores, não quer marketing, não quer compra de opinião", frisou.
Leite, por outro lado, não comentou sobre a renúncia, mas disse que "optou por abrir mão da aposentadoria de ex-governador para discutir propostas durante a eleição, e não ao benefício, que é garantido em lei". Mas ele não disse que devolveu os valores que já tinha embolsado ao ser questionado por Jobim.
Confira a íntegra do debate
* Com informações da CUT/RS
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko