O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta terça-feira (09) que o restabelecimento de relações diplomáticas com a Venezuela é um processo que pode levar dois meses até que se avance nos temas mais importantes.
"Eu acredito que em dois meses podemos estar com o mais importante superado", disse o mandatário colombiano, que tomou posse no último domingo (07).
Petro ainda descartou a possibilidade de um encontro nos próximos dias com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mas afirmou que "obviamente [existe uma aproximação] desde antes da minha posse, porque estamos trabalhando para a normalização das relações, é um processo que implica a abertura da fronteira etc".
O presidente colombiano também diminuiu a possibilidade da nomeação de um novo embaixador do país em Caracas em curto prazo, afirmando que "enquanto não se normalizem as relações, não vai haver embaixadores".
"Até o momento, o chanceler [Álvaro Leyva] fez contatos com o governo [da Venezuela] para ir processando a abertura da fronteira", disse Petro.
Por outro lado, Petro afirmou que existem "temas mais complexos" no processo de retomada de relações com a Venezuela como, por exemplo, o caso da empresa Monómeros. Pertencente a Estado venezuelano, a produtora de fertilizantes fica na Colômbia e passou a ser controlada pela oposição ligada a Juan Guaidó desde 2019.
"É uma empresa afetada, quase quebrada, e temos que ver como podemos reiniciar tecnicamente [a produção], temos que ver as formas jurídicas, temos que ver o sistema de sanções que ainda está vigente", disse o mandatário. Como é propriedade da Pequiven, estatal petroquímica subsidiária da petroleira PDVSA que está sancionada pelos EUA, a Monómeros também sofre com efeitos do bloqueio imposto por Washington.
As declarações de Petro vieram momentos depois do ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirmar que estaria trabalhando para restabelecer relações militares com as Forças Armadas da Colômbia.
"Recebi instruções do comandante em chefe Nicolás Maduro para estabelecer contato imediato com o ministro da Defesa da Colômbia para restabelecer nossos relações militares", afirmou Padrino López.
Petro, por sua vez, afirmou que espera avanços em todos os tipos de relações, "comerciais, sociais, familiares e militares".
Relações tensas nos últimos anos
A vitória de Petro nas eleições presidenciais da Colômbia representaram uma promessa de alívio para as relações entre Bogotá e Caracas, já que o novo presidente vinha falando desde sua campanha em se reaproximar do país vizinho.
Nos últimos 5 anos, enquanto o direitista Iván Duque esteve à frente da Presidência colombiana, episódios de tensão entre os países se tornaram recorrentes e chegaram ao rompimento total de relações em 2019, quando o ex-mandatário colombiano apoiou uma tentativa de invasão ao território venezuelano encabeçada por Guaidó.
No dia 28 de julho, o chanceler de Petro, Álvaro Leyva, visitou o estado venezuelano fronteiriço de Táchira para se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Carlos Faria, e discutir a retomada de relações.
No encontro, os ministros concordaram em programar a reabertura das fronteiras e nomear novos embaixadores logo após a posse de Petro.
Edição: Thalita Pires