Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, anunciaram na noite desta quinta-feira (11) novos embaixadores para os seus países, marcando mais um passo em direção ao restabelecimento completo de relações diplomáticas.
A primeira nomeação veio do governo venezuelano, quando Maduro designou o ex-ministro das Relações Exteriores Félix Plasencia como novo representante diplomático do país em Bogotá.
"Quero anunciar que o ex-chanceler Félix Plasencia, que foi embaixador na República Popular da China, foi designado como próximo embaixador na República da Colômbia. A chancelaria da Venezuela já pediu a aceitação da chancelaria da Colômbia e em breve Plasencia estará em Bogotá. Ele é um homem de grande experiência diplomática e política, com uma grande capacidade de relacionamento", disse Maduro.
Pelo Twitter, Plasencia agradeceu a nomeação e disse que assumirá "com grande honra esta responsabilidade". "A diplomacia bolivariana da paz será a base sólida para fortalecer a irmandade histórica de um mesmo povo, de Venezuela e da Colômbia, filhas do libertador Simón Bolívar", disse o novo embaixador.
Asumo con gran honor esta responsabilidad encomendada por el Presidente @NicolasMaduro. La Diplomacia Bolivariana de Paz será la base sólida para fortalecer la hermandad histórica de un mismo pueblo, la de Venezuela y Colombia, hijas de El Libertador Simón Bolívar.
— Felix Plasencia (@plasenciafelixr) August 12, 2022
Momentos depois do anúncio de Maduro, o presidente colombiano respondeu nomeando o ex-senador Armando Benedetti como novo embaixador da Colômbia em Caracas.
"Em resposta ao governo venezuelano, que designou um embaixador que terá como responsabilidade normalizar as relações diplomáticas entre ambas as nações, decidi designar Armando Benedetti como embaixador da Colômbia para a Venezuela", afirmou Petro.
O novo mandatário colombiano, que tomou posse no último domingo (7), ainda afirmou que o representante diplomático de seu governo em Caracas terá "a árdua tarefa de normalizar as relações entre os dois países, restabelecer a institucionalidade que existia há décadas, para que os povos irmãos possam proteger seus direitos, garantir suas liberdades e fazer com que entre Colômbia e Venezuela se possa construir riqueza para os povos".
Benedetti, que foi presidente do Senado colombiano entre 2010 e 2011, agradeceu Petro "por sua confiança" e prometeu reativar o comércio entre os países.
"Presidente, vou te surpreender quando chegarmos a US$ 10 bilhões de intercambio comercial, quando beneficiarmos os mais de 8 milhões de colombianos que vivem na fronteira. Nenhuma linha imaginária vai nos separar de novo como irmãos", afirmou o novo embaixador.
Presidente @petrogustavo, lo sorprenderé cuando lleguemos a 10 mil mill de dólares en intercambio comercial, cuando beneficiemos a los más de 8 mill de colombianos que viven en la frontera. Ninguna línea imaginaria nos volverá a separar como hermanos.
— Armando Benedetti (@AABenedetti) August 12, 2022
¡GRACIAS POR SU CONFIANZA!
Com as nomeações, os governos da Venezuela e da Colômbia avançam na retomada dos laços que havia sido prometida por Petro ainda durante a campanha presidencial. Os países romperam relações em 2019, quando o ex-presidente Iván Duque apoiou uma tentativa de invasão organizada pelo opositor Juan Guaidó ao território venezuelano.
Já as embaixadas estavam vazias antes mesmo do rompimento. Em 2017, o então presidente colombiano Juan Manuel Santos convocou seu embaixador em Caracas para consultas e, desde então, Bogotá não nomeou um novo representante para o país vizinho.
No caso da Venezuela, o ex-embaixador do país em Bogotá, Iván Rincón Urdaneta, renunciou ao cargo em 2018, pouco antes da posse de Duque, que havia sido eleito naquele ano. À época, Urdaneta afirmou que se permanecesse no país poderia acabar expulso assim que o novo presidente de direita fosse empossado, já que o setor "uribista" – ligado ao ex-presidente de extrema direita Álvaro Uribe – estaria aumentando os ataques contra a embaixada venezuelana.
Na última quarta-feira (10), Petro havia diminuído a possibilidade de nomear um novo embaixador em curto prazo, afirmando que as relações deveriam ser normalizadas primeiro e que em dois meses os temas mais importantes com o país vizinho estariam superados.
Além da nomeação de novos representantes diplomáticos, outros temas são tratados como fundamentais para o pleno restabelecimento de relações entre Bogotá e Caracas, como a devolução da empresa Monómeros e a reativação comercial da fronteira.
Edição: Felipe Mendes