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Governo do RJ pode ter usado Uerj para contratar aliados políticos por fora da folha, diz site

Universidade estadual seria mais um órgão envolvido na concessão de cargos secretos que facilitam desvio de dinheiro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cláudio Castro
Suspeitas envolvem governador do RJ, Cláudio Castro (PL) - Fernando Frazão/Agência Brasil

O governo fluminense, liderado por Cláudio Castro (PL), teria usado a Universidade Estadual do Rio de Janeiro para empregar aliados com folhas de pagamento secretas. A informação foi revelada pelo UOL neste sábado (13).

De acordo com a reportagem, mais de meio bilhão de reais foram repassados a programas da instituição sem observar critérios de transparência. Foi identificada também a prática de saques em dinheiro vivo e o emprego de correligionários.

O alerta foi feito para a direção da Uerj pelo banco Bradesco. A investigação do UOL apontou que 11 secretarias ou órgãos do governo transferiram R$ 593,6 milhões para a universidade somente este ano. O valor foi destinado a projetos com folhas de pagamento que não constam no Portal da Transparência do estado.

Parte desse dinheiro foi retirada do banco em espécie, na boca do caixa. Ao identificar a ocorrência da atividade, o Bradesco avisou a Uerj que suspenderia pagamentos de empregados sem conta corrente. 

As suspeitas se assemelham ao escândalo dos cargos secretos do Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Fundação Ceperj), que é igualmente ligada ao governo estadual. 

Foram identificados 20 mil cargos suspeitos e R$ 226 milhões sacados na boca do caixa somente este ano. Na ocasião, o alerta também foi feito pelo banco Bradesco.

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A reportagem do UOL descobriu aliados políticos do deputado Rodrigo Bacellar (PL) em pelo menos um dos programas que recebem dinheiro na Uerj. O parlamentar é líder do governo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e considerado braço direito do governador Cláudio Castro. 

Com orçamento de R$ 124,5 milhões, o programa Observatório Social da Operação Segurança Presente tem 99,7% da verba destinada à folha de pagamento secreta. Na lista de pessoas contratadas no ano passado estão auxiliares de Bacellar, assessores de vereadores e aliados de outros políticos da base do governo. 

Outro lado

O governo do Rio de Janeiro afirmou ao UOL que o montante de pagamentos é de R$ 448 milhões, e não se resume a despesas com pessoal. Também haveria destinação ao dinheiro para licitação de serviços e à compra de mobiliário e materiais. 

A gestão não explicou o motivo para a ausência atual das folhas de pagamento no Portal da Transparência, mas disse que o site da Uerj está em revisão e em breve receberá as informações. Sem informar nenhum nome, o governo disse que todos os projetos são coordenados por professores aposentados da Universidade.

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Já a Uerj ressaltou que os projetos têm as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e pelo Conselho de Curadores e Auditoria Interna da universidade, e se enquadram “na condição de iniciativas de inovação, ensino, pesquisa e extensão universitária”.

Rodrigo Bacellar, que já foi secretário de governo de Claudio Castro, enviou uma nota ao UOL idêntica a um texto posteriormente encaminhado pela pasta. Tanto ele quanto a secretaria negam irregularidades. 

Edição: Felipe Mendes