Uma denúncia de racismo envolvendo uma estudante da Faculdade de Formação de professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), localizada em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, está sendo investigada pela Polícia Civil.
O crime de injúria racial e ameaça ocorreu no dia 4 de agosto e foi registrado na 73° Delegacia de Polícia, no bairro de Neves. A agressora seria uma colega de turma da vítima, e, segundo a polícia, testemunhas estão sendo ouvidas e as investigações estão em andamento para esclarecer os fatos.
Segundo a aluna de pedagogia, a agressão ocorreu durante uma aula de geografia.
"Nós estávamos numa aula de geografia e, de repente, começou uma discussão generalizada, com a aluna que me atacou. E, do nada, no meio de todos os que estavam discutindo, ela me escolheu para me atacar. Ela já sabia que eu era cotista racial da instituição e daí ela se levantou, veio até a minha mesa e falou: 'você não foi à Uerj Maracanã buscar as suas bolsas?'", contou a estudante, que não quis ser identificada, ao portal G1.
Leia mais: Por mais 50 anos? Conheça a opinião de parlamentares sobre a Lei de Cotas, que completa 10 anos
À Agência Brasil, a Uerj informou que lamenta o episódio de racismo e afirmou ter prestado todo apoio à estudante agredida.
"A aluna foi acompanhada à delegacia por um professor e uma assistente social da universidade, para prestar queixa. A instituição irá acompanhar atentamente o caso", disse em nota.
Mais racismo
Logo após ao episódio com a aluna, um ato em repúdio a agressão foi organizado por estudantes da Uerj São Gonçalo.
Na semana passada, adesivos racistas com os dizeres “estupro de pretas” e “fim das cotas” foram encontrados no banheiro masculino da instituição.
O Centro Acadêmico da Faculdade de Formação de Professores, por meio de suas redes sociais, repudiou a mensagem racista e misógina.
"É inaceitável que isso aconteça em qualquer espaço e, neste caso, tem um pesar a mais: o fato de estar acontecendo em um campus de formação de professores, que em sua maioria saem da universidade para lecionar na educação pública", afirmou a nota.
Leia mais: Cota não é esmola: o racismo ameaça o direito à educação
Por sua vez, a Direção da Faculdade de Formação de Professores ressaltou que não há norma interna da universidade para apurar a conduta de alunos e considerou urgente que seja debatida e aprovada uma regulamentação que estabeleça esses procedimentos de apuração.
"Os recorrentes episódios de discriminação vivenciados na FFP são extremamente graves, incompatíveis com a legislação, com o ambiente acadêmico e com princípios éticos", diz o texto.
Sobre as mensagens racistas e misóginas, a Uerj afirmou que farão parte da investigação policial e da apuração administrativa interna da universidade.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Jaqueline Deister