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Número de candidatos a governador sobe 14%; mulheres e negros seguem sub-representados

Maioria da população, grupos não ultrapassam 40% dos postulantes ao cargo; PSB é o partido mais branco e masculino

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres são maioria do eleitorado, 52,6%. No entanto, em 2022, serão apenas 38 candidatas aos governos de estado, 17% do total - Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Um novo período eleitoral se inicia nesta terça-feira (16), mas com problemas velhos e indigestos. O número de candidatos a governador dos 27 estados chegou a 223, um aumento de 14%, em relação a 2018 (196). No entanto, mulheres e negros seguem sub-representados.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres são maioria do eleitorado, 52,6%. No entanto, em 2022, serão apenas 38 candidatas, ou 17%, disputando os governos estaduais. Um tímido avanço em relação a 2018, quando eram 15% do total de concorrentes.

Em oito estados não haverá mulheres concorrendo ao governo local:  Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina. Somente em Minas Gerais as candidatas não são minoria, com quatro mulheres e quatro homens na disputa.

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Os partidos de esquerda serão responsáveis pela candidatura de 20 mulheres, 55% do total. PSOL é o partido que mais terá candidatas em 2022, com oito. O número representa 38% do total de candidatos do partido, que terá 21 postulantes aos governos estaduais.

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Dos 32 partidos que disputarão as eleições 2022, 14 não terão candidaturas femininas na corrida pelos governos estaduais. Entre eles, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que terá 14 homens concorrendo ao cargo, como havia adiantado o Brasil de Fato.

Chama atenção, também, a ausência de mulheres entre os candidatos do PSB: a legenda concorrerá em sete estados, em todos com postulantes masculinos.

Negros longe do poder

Entre os 223 candidatos, apenas 25 (11%) são pretos e 59 (26%) pardos. A soma dos dois, 37% não se aproxima dos 54,7% de negros (categoria que reúne pretos e pardos) da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dois estados sequer terão candidatos negros para governador, São Paulo e Santa Catarina.

Em sentido inverso, em Sergipe, das nove candidaturas, seis são negras. Na Paraíba, Maranhão, Distrito Federal e Acre serão cinco pardos ou pretos.

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Além do PCdoB, que não terá candidatos a governador em 2022, outros quatro dos 32 partidos habilitados para disputar as eleições não terão candidaturas negras: PTB, PSB, Patriota e Avante. As legendas com maior presença de pretos ou pardos são PSOL (13), PSTU (11) e PCO (9), todas de esquerda.

Somente três

Daniel Pereira (Solidariedade), que concorrerá ao cargo de governador de Rondônia, é o único candidato que seu autodeclarou amarelo, ou seja, de ascendência asiática. No entanto, em 2014, quando era do PSB e participou como vice na chapa com Confúcio Mouro (MDB), ao governo local, ele afirmou ser branco.

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Dois indígenas participarão das eleições para governador: Israel Tuyuka (PSOL), candidato ao governo do Amazonas, e Jerônimo Rodrigues (PT), que disputará o Palácio de Ondina, na Bahia. Ambos participam pela primeira vez de um processo eleitoral.

Partidos

Partidos dos dois principais presidenciáveis, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, o PT e o PL terão participação intensa na disputa pelos 27 estados, com 13 e 14 candidatos a governador. Perdem somente para PSOL, que lançou 21 candidaturas, PSTU, com 16, e PCO, 15.

Edição: Nicolau Soares