Um levantamento realizado com os dados dos registros das candidaturas na Justiça Eleitoral mostrou que desde quando começou a autodeclaração de raça em 2014 este é o ano com maior número de candidatos e candidatas negras (pretos e pardos) participando do processo eleitoral.
Em 2022, 49,49% das pessoas que tentam um cargo político se declararam negras, um aumento de 2,95% em comparação com 2018. Porém, o cenário nacional não se repete no estado do Rio de Janeiro.
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De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Rio de Janeiro registrou um total de 2.726 candidaturas para as eleições gerais que ocorrem em outubro. Ao todo, 1.268 são pessoas negras, o que representa 46,52% das candidaturas, e 1.381 são pessoas brancas, o mesmo que 50,66%.
Para a presidente do Conselho Curador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e membro da Coalizão Negra por Direitos, Wania Sant’Anna, o Rio de Janeiro está avançando, mesmo que de maneira mais lenta.
“É importante que se diga que o estado do Rio de Janeiro sempre lançou e elegeu negros e negras também competitivos nas urnas – aos cargos de vereança, à Alerj [Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro] e à Câmara dos Deputados. Benedita da Silva, Jurema Batista, Carlos Alberto Caó Oliveira, Edmilson Valentim, Edson Santos, Marcelo Dias. E muitos outros que não foram eleitos, mas demonstraram forte resposta nas urnas como é o caso de Lélia Gonzalez, por exemplo”, comenta a historiadora.
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Na avaliação de Wania, lembrar o caminho percorrido por todas essas lideranças políticas serve de inspiração para que a juventude negra participe mais do processo eleitoral concorrendo a cargos públicos. Contudo, segundo a ativista, é fundamental que os partidos políticos também assumam a sua responsabilidade ao apresentar um quadro de candidaturas representativas para a sociedade brasileira.
“Os partidos políticos precisam fazer a sua parte no fortalecimento de militantes negros e negras que têm por foco o enfrentamento do racismo, da discriminação e erradicação das desigualdades raciais no Brasil. O número, para muitos, surpreende, mas a população negra é maioria no país, não é mesmo? Então, faz sentido que esse percentual esteja nesse patamar. A questão que se apresenta, frente a esse perfil, é qual será os resultados das urnas”, pondera.
Mulheres na política
Quando o assunto é a participação das mulheres na política, os números do estado do Rio de Janeiro ficam bem próximos do nacional que aponta 67% de candidaturas masculinas e 33% femininas.
No Rio, segundo os dados do TSE, 68%, ou seja, 1.856 dos nomes registrados para participar das eleições gerais são de homens e 32%, isto é, 870, são mulheres.
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Comparado com 2018, houve um aumento de 1% da participação feminina. Neste ano, assim como em 2018, as mulheres negras estão em maior número do que as brancas no estado do Rio. Ao todo, 449 candidatas negras apresentaram registro na justiça eleitoral, as mulheres que se autodeclararam brancas contabilizaram 392 registros.
Porém, houve uma redução de 28,47% no número de mulheres brancas e 24,8% de negras inscritas como candidatas se comparado com os dados de quatro anos atrás.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse