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Após ameaça de suspender atendimentos, A.C. Camargo entra em acordo manter convênio com o SUS

Governo de São Paulo e Prefeitura da capital vão complementar financiamento da instituição; não foram divulgados valores

São Paulo (SP) |
Fachada do hospital AC Camargo, unidade Tamandaré - Wiki commons

O hospital A.C. Camargo, referência no tratamento de câncer em São Paulo, voltou atrás, nesta quinta-feira (18) da decisão de sair da rede conveniada do Sistema Único de Saúde. A decisão aconteceu após reunião com o Governo do Estado e com a Prefeitura da capital.

A instituição havia anunciado, nesta segunda-feira (15), que deixaria de atender os pacientes encaminhados pela rede pública em dezembro, por conta dos baixos valores da tabela de procedimentos do Ministério da Saúde. 

Apesar do anúncio de acordo entre Estado, Prefeitura e o hospital, nenhuma das partes informou os valores envolvidos na negociação.

Para Rosana Onocko-Campos, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a saída adotada pelas partes no caso da prestação pública dos serviços do Hospital A.C. Camargo com a Rede SUS é válida, mas provavelmente outras instituições tentarão também negociar individualmente.  

Para Alexandre Padilha, ministro da Saúde entre 2011 e 2014, esse acordo foi feito é temporário. "É a solução tampão para abafar o trágico anuncio pré-eleitoral. O Brasil e São Paulo precisam urgente reorganizar o atendimento ao câncer, que necessita de toda rede de hospitais disponíveis, não apenas o A.C. Camargo”, disse. “É preciso também a volta do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), cancelado por Bolsonaro", avalia. 

Crise anunciada 

O caso do A.C. Camargo é apenas mais um capítulo da crise de financiamento da saúde no Brasil. As Santas Casas de São Paulo, por exemplo, temem quebrar caso a tabela não seja reajustada. Em entrevista à TV Globo, Edson Rogatti, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo afirmou que teme que os recursos levem a problemas para os pacientes. 

"Alguma coisa tem que ser feita porque, se nada for feito, eu não sei o que vai acontecer. Acho que vai ter um colapso no atendimento", disse, nesta quarta-feira. 

Em carta entregue ao candidato do PT à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, a Frente pela Vida, que se formou na luta contra a pandemia de covid-19 e o negacionismo do governo federal, coloca como prioridade absoluta de um novo governo a recomposição orçamentária da saúde.  

Além de garantir que o investimento no setor alcance no mínimo 6% do Produto Interno Bruto (PIB), a Frente defende que deve haver uma política de alocação de recursos que foque na Rede Básica de Saúde.  Para isso, o fim do Teto de Gastos é fundamental.  

"O modelo [de financiamento] está esgotado, mas estamos aqui à deriva. Por enquanto não se vislumbra outra saída. Agora é esperar e trabalhar por um 2023 melhor", diz Rosana. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho