O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou nesta terça-feira (23) o empresário Luciano Hang, donos das lojas Havan, a indenizar o padre Julio Lancellotti por danos morais. O chamado Véio da Havan terá que pagar R$ 8 mil ao religioso, por tê-lo ofendido em mensagens num grupo de WhatsApp. Nas conversas, reveladas pelo portal Metrópoles em maio deste ano, o empresário critica o padre após a publicação de reportagem em que ele aparece ajudando pessoas em situação de rua no frio de São Paulo.
Hang chamou o padre Júlio de “hipócrita” e o acusou de “defender bandidos”. “É da turma do Lula. Hipocrisia pura. Temos que ensinar a pescar, e não dar o peixe. Cada dia que passa é mais malandro vivendo nas costas de quem trabalha”, disse Hang. “Quem defende bandido, bandido é”, acrescentou.
Padre Julio moveu então uma ação contra o empresário. A juíza Eliana Adorno de Toledo Tavares julgou a ação procedente, condenando o empresário. Nesse sentido, ela afirmou que Hang agiu com “claro abuso ao exercício da liberdade de expressão, atingindo a honra do autor” ao chamar o padre de bandido.
Ao portal UOL, padre Júlio disse esperar que “a decisão judicial sinalize e afirme os limites legais da liberdade de expressão que não ofendam e desqualifiquem as pessoas”, e afirmou que nunca ofendeu Hang antes e não pretende fazê-lo. Hang, contudo, ainda pode recorrer da decisão, assim como a defesa do padre Júlio, caso considere a punição insuficiente.
Sem Instagram e Facebook
Hang publicou as mensagens ofendendo o padre Julio no grupo Empresários & Política. Trata-se do mesmo grupo em que ele e outros empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula vença as eleições. Como resultado dessas publicações, eles foram alvo de operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta terça-feira (23). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi quem autorizou as ações de busca e apreensão contra o grupo.
Após a operação, o Instragram e o Facebook suspenderam as contas de Hang nas plataformas, ambas controladas pela empresa Meta. “Nós o analisamos (o perfil) em relação às nossas políticas e realizamos uma avaliação legal e de direitos humanos. Após a análise, restringimos o acesso ao conteúdo na localização em que ele vai contra a lei local”, afirmou o Instagram. O Facebook, entretanto, ainda não se posicionou.
Por fim, Hang foi ao Twitter espernear contra os bloqueios. “Onde está a democracia e a liberdade de pensamento e de expressão? Tenho certeza que este era o objetivo de toda essa narrativa: tentar me calar”, disse ele.