Com previsão de segundo turno, a campanha ao governo do Maranhão apresenta nove candidatos, com os dois líderes das últimas pesquisas disputando a imagem e apoio do candidato a presidente Lula (PT), que pode ser decisivo no resultado das urnas.
Marcado por quase cinco décadas de governo da família Sarney, o Maranhão viveu outros ares durante o governo Flávio Dino (PSB) nos últimos oito anos, mas Dino está fora da disputa ao governo do estado - é favorito do estado ao Senado - e é cabo eleitoral de seu vice e sucessor, o atual governador Carlos Brandão (PSB), líder nas pesquisas seguido pelo senador Weverton Rocha (PDT). Pesquisa Ipec divulgada na última terça (23) indica que Brandão tem 28% das intenções de voto e Weverton 16%.
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A cientista política e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Arleth Borges, explica que apesar de dois candidatos liderarem o topo das pesquisas, o quadro ainda é complexo e quatro candidatos se destacam na disputa.
“A competição, propriamente, está acontecendo entre quatro candidatos, que são o governador Carlos Brandão, que concorre pelo PSB e PT, o senador Weverton Rocha, PDT e PL, Lahesio Bomfim [PSC, com 10% segundo o Ipec] e Edivaldo Holanda [PSD 14% de intenções de voto], ex-prefeito de São Luís, capital do estado”, explica.
Seguindo a tendência de outros estados, as candidaturas presidenciais têm grande peso sobre os candidatos estaduais, que reivindicam apoio e levantam a bandeira de seus candidatos, em especial Lula e Bolsonaro, que podem ser decisivos no resultado das urnas.
“A gente vai ter como palanque do candidato a presidente Lula a candidatura de Carlos Brandão, com o PT como candidato a vice. Em relação ao candidato Bolsonaro, terá o palanque do senador Weverton, porque inclusive seu vice é do PL, mesmo partido do presidente da república. Mas há também outra candidatura que se reivindica e se assume de direita, e esse tempo inteiro esteve muito alinhada ao presidente Bolsonaro, que é a do Lahesio Bomfim”.
Apesar de concorrer pelo PDT, que tem como candidato a presidente Ciro Gomes e ter como vice o deputado estadual e bolsonarista Hélio Soares, o senador Weverton Rocha tem utilizado como estratégia o uso da imagem de “amigo do Lula”, inclusive em peças publicitárias.
“Ele tem sido muito dedicado a divulgar uma proximidade com o candidato Lula, inclusive há no seu conjunto de apoiadores algumas pessoas do PT, embora o partido esteja em uma aliança com o PSB de Brandão, então é um cenário complexo”, argumenta Arleth Borges.
Segundo a cientista política, outro fator decisivo são as alianças locais e o apoio dos candidatos ao Senado pelo Maranhão, de um lado o lulista Flávio Dino e, do outro, o bolsonarista Roberto Rocha (PTB).
“Isso conta muito, é decisivo em uma eleição. No caso da disputa para governador, Brandão tem o apoio do ex-governador Flávio Dino, que é o candidato favorito com uma posição muito confortável [lidera com 50% das intenções de voto segundo o Ipec] em relação ao seu principal adversário, que é Roberto Rocha [21% do eleitorado de acordo com o Ipec], também alinhado ao bolsonarismo.”
Em meio a esse cenário, o Maranhão enfrenta duros índices de desmatamento, violência no campo e condição de vida precária. Combater essa realidade é uma pauta fundamental na apresentação dos projetos dos candidatos.
“O que temos aqui a longas datas são processos econômicos que até impulsionam os macro indicadores como PIB, mas a condição de vida da população efetivamente tem mudado pouco, os indicadores sociais permanecem dramáticos, apesar dos avanços que se há de reconhecer que ocorreram durante a gestão do governo Flávio Dino durante os seus dois mandatos.”
Além de Carlos Brandão, Weverton Rocha, Lahesio Bomfim e Edivaldo Holanda, concorrem ao cargo de governador do Maranhão Enilton Rodrigues (PSOL), Frankle Costa (PCB), Hertz Dias (PSTU), o Professor Joás Moraes (DC) e Simplício (Solidariedade).
Edição: Rodrigo Durão Coelho