Ainda tem muita água pra rolar até as eleições, em outubro, mas muitos cearenses já fizeram sua escolha. Pelo menos, em relação ao candidato à vaga para o Palácio do Planalto. A baterista Ayla Lemos, escolheu o candidato do PT: “eu vou votar no Lula por conta de uma esperança de um país melhor, com mais oportunidades para todas as pessoas, principalmente as pessoas de baixa renda. Na pandemia, o presidente atual demonstrou muita irresponsabilidade, falta de respeito com a população e com a vida das pessoas”.
Marta Aurélia, artista, também vota na sigla: “eu escolho o Lula porque atualmente ele me parece ser o único candidato capaz de enfrentar essa situação que nós estamos vivendo agora, de muito retrocesso, de muita confusão, um pandemônio”. Já o autônomo Dalgimar Santos, quer a reeleição de Bolsonaro: “voto no Bolsonaro e voto em todos os candidatos do lado Bolsonaro”, afirma. Já a universitária Maria Clara, afirma não apoiar os dois melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto: “eu ainda não sei em quem vou votar, mas provavelmente eu irei votar no Ciro Gomes, por que não quero nem o Bolsonaro e não quero o PT”.
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De acordo com a última pesquisa realizada pela Real Time Big Data, encomendada pela TV Cidade Fortaleza, o candidato petista aparece na liderança aqui no estado, com 49% das intenções de voto. Em segundo lugar, com 26%, está o atual chefe do executivo, Jair Bolsonaro. Em terceiro lugar, Ciro Gomes, do PDT - que em outras eleições despontava como o favorito por aqui, agora tem 14% da preferência dos eleitores.
O panorama estadual, que segue a tendência apontada nas pesquisas para o cenário nacional, e demonstra a preferência dos cearenses por governos de esquerda. Assim analisa a pesquisadora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, Monalisa Soares: “o Ceará tem essa característica de que o eleitorado tem escolhido o Lula, a Dilma, e em 2018, ainda que não tenham escolhido o candidato do PT, também lhe deu o segundo lugar [com Hadad]. O Bolsonaro foi o terceiro colocado no primeiro turno no Estado e perdeu no segundo turno no Ceará. O Lula tem essa expressividade eleitoral porque o Lula tem esse recall dessa história que lhe demarca, pela sua atuação como presidente, mas também por toda a sua história política de inserção e etc.”
Mesmo com muita gente já convicta de seu voto, o cenário ainda pode se desenhar de várias formas por aqui, com boa parte do eleitorado ainda decidindo para onde ir. O cientista político, Clayton Cunha Filho, explica, dentro do campo das ciências políticas, como acontece essa escolha: “uma das coisas mais bem sedimentadas dentro da ciência política é a chamada literatura do voto econômico retrospectivo. É a teoria de que o eleitor vai tender a votar no candidato de acordo com como ele avalia a sua própria situação econômica, a evolução da sua situação econômica durante o tempo do mandato em que se encontra. A teoria é de que, se ele acha que a sua situação econômica está boa, se ele acha que ela melhorou, ele vai tender a votar num candidato governista, seja do próprio mandatário em busca de reeleição, seja no candidato indicado por ele. Se ele acha que essa sua situação, na verdade, está ruim, se ele acha que ela piorou, ele vai tender a votar na oposição’, explica”.
Apesar da liderança do ex-presidente no cenário nacional, a distância entre os dois primeiros candidatos caiu. Era de 21 pontos percentuais, em maio, 18 pontos, em julho, e 15 pontos agora. Lula mantém a liderança, mas Jair Bolsonaro oscilou positivamente de 29% para 32%. O cientista político avalia que este cenário é, no mínimo, surpreendente: “o que é mais surpreendente na verdade, é essa grande resiliência do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Em que, mesmo com esses índices econômicos que lhe são amplamente desfavoráveis, mesmo assim, ele se mantém ali bastante estável, com cerca de 30% do eleitorado, o que lhe poderia valer, pelo menos, uma vaga garantida no segundo turno caso essa eleição não se decida em primeiro turno’’.
Para o Clayton, a polarização também influencia na decisão. Em um pleito que as candidaturas majoritárias defendem ideias opostas, o eleitor tende a escolher o que acha menos pior: “num mundo, digamos, ideal para esse eleitor, ele até preferiria votar no Ciro, ou em um candidato que não esteja posto, ou até em alguns candidatos menores. Mas por achar que eles não têm chance realmente alguma chance de ganhar e antevejam que o cenário futuro seria muito difícil, então preferem alguém que já tenha tido experiência de governo”.
Já no cenário estadual, a segunda pesquisa de intenção de voto para governo, trouxe Capitão Wagner, do União Brasil, ainda na liderança, com 38%. Porém, Roberto Cláudio, do PDT, que até então estava em segundo, aparece agora em empate técnico com o candidato pelo PT, Elmano Freitas.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Camila Garcia