A comissão de saúde pública da Câmara dos Vereadores do Rio realizou uma audiência pública na última quinta-feira (25), para tratar da retenção de macas e ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em unidades públicas de saúde do município do Rio. O debate foi conduzido pelo presidente da Comissão, vereador Paulo Pinheiro (Psol), a partir de denúncias recebidas pelo colegiado.
Segundo relatos apresentados na reunião, normalmente o paciente socorrido por uma ambulância é levado para uma unidade de saúde e, por falta de leitos, fica utilizando a maca do Samu, o que retém na unidade a ambulância.
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Dados apresentados pelo Corpo de Bombeiros mostram que, somente no período de 5 a 25 de julho, 343 ambulâncias ficaram paradas em hospitais de urgência e emergência, nas UPAs e nas Coordenações de Emergências Regionais (CERs). Em 76% dos casos, os veículos demoraram mais de uma hora para sair das unidades de saúde.
Para o vereador Paulo Pinheiro, esta demora na liberação das macas e ambulâncias compromete o serviço prestado pelo Samu.
"O problema principal desta retenção é uma piora do atendimento do SAMU, porque uma ambulância que fica presa na unidade de saúde deixa de fazer o atendimento domiciliar e nas ruas. No mês de julho, teve uma ambulância que chegou a ficar 22 horas e 20 minutos retida na porta do Hospital Souza Aguiar", disse Pinheiro.
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Vice-presidente da Comissão e médico plantonista na rede pública municipal de saúde, o vereador Dr. João Ricardo (PSC) contou que é muito comum a ambulância ficar retida porque não há como acomodar o paciente nas unidades hospitalares.
"Por diversas vezes a gente entrou com a maca do SAMU para o centro cirúrgico. Leva o paciente para o tomógrafo e depois volta para a maca porque não tem onde colocar. E o Corpo de Bombeiros implorando para liberar a maca porque tinha mais chamados para atender na sequência", revelou o vereador.
Leitos fechados
Parte do problema se dá pelo fechamento de leitos nas unidades federais nos últimos anos, o que acaba sobrecarregando a rede estadual, e sobretudo, a municipal. Atualmente 700 leitos, o que representa 47% do total, são considerados impedidos para o uso.
A subsecretária geral da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Fernanda Adães, explicou, na audiência, que estes leitos fora de operação impactam diretamente a rede municipal, que não tem capacidade para atender pacientes de alta complexidade.
"Hoje temos, na rede municipal, mais de 600 pessoas internadas com questões de alta complexidade, que historicamente são de competência dos entes estadual e federal. Os pacientes ficam 40, 60 dias nos leitos aguardando o sistema estadual de regulação garantir uma vaga para que possam ser atendidos", completou ela.
Participaram ainda da audiência os vereadores Dr. Carlos Eduardo (PDT), Teresa Bergher (Cidadania), Felipe Michel (PP) e Dr. Gilberto (Podemos).
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda