Os oito empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições “funcionam como líderes” da organização criminosa investigada por práticas anti-democráticas em inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Essa é a leitura do ministro da Corte Alexandre de Moraes na decisão que autorizou ações de busca e apreensão no dia 23 de agosto, divulgada nesta segunda-feira (29).
Segundo Moraes, as mensagens reveladas pelo site Metrópoles seguem o mesmo “modus operandi” identificado nas investigações anteriores sobre os atos do dia 7 de Setembro de 2021 e revelam “verdadeira estrutura destinada à propagação de ataques ao Estado Democrático de Direito, ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de autoridades vinculadas a esses órgãos, com estratégias de divulgação bem definidas”.
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“Essas condutas, de elevado grau de periculosidade, se revelam não apenas como meros ‘crimes de opinião’, eis que os investigados, no contexto da organização criminosa sob análise, funcionam como líderes, incitando a prática de diversos crimes e influenciando diversas outras pessoas, ainda que não integrantes da organização, a praticarem delitos.”
Ainda de acordo com Moraes, o conteúdo das mensagens tem semelhança com ações investigadas em inquéritos anteriores que apontam para “a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político (...), com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.
O ministro também justifica a necessidade de bloqueio das contas dos empresários, uma vez que, por sua “condição financeira” o poder de alcance das “manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado”.
Defesa de um golpe de Estado
A operação da Polícia Federal teve como alvos oito empresários: Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan; Afrânio Barreira, da rede de restaurantes Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; André Tissot, do Grupo Serra; Meyer Nigri, da Tecnisa; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.
Eles fazem parte de um grupo de Whatsapp onde circulam as mensagens golpistas. As mensagens foram reveladas em reportagem do jornalista Guilherme Amado publicada no site Metrópoles, na quarta (17). De acordo com o monitoramento da reportagem, o grupo tem ataques ao STF, ao TSE e exaltação às Forças Armadas.
Lá, José Koury disse preferir uma ruptura institucional à volta do PT ao governo. Disse também que, se o Brasil voltasse a viver sob ditadura, isso não o impediria de receber investimentos estrangeiros. Ele também sugeriu o pagamento de bônus a empregados durante o período eleitoral, o que poderia configurar compra de votos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho