Ronda Política

Piquet alavanca doações a Bolsonaro, candidatura de Lira conta com atraso do STJ e mais

O valor doado por Nelson fez com que o montante recebido pela campanha bolsonarista chegasse a R$ 1.171.435,88

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Nelson Piquet tem se apresentado como um ferrenho defensor do presidente Bolsonaro - Anderson Riedel/PR

O ex-automobilista Nelson Piquet doou R$ 501 mil para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Trata-se da maior doação feita ao candidato até o momento, segundo apuração da Folha de S. Paulo, com base nos dados do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O valor doado por Piquet fez com que o montante recebido pela campanha bolsonarista chegasse a R$ 1.171.435,88. No total, são quatro doações, todas de pessoas físicas: R$ 501 mil de Piquet, R$ 350 mil de Gilson Lari Trennepohl, R$ 60 mil de Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha e, por fim, R$ 30.000,88 de Sergio Cardoso de Almeida Filho. Os nomes dos doadores dos R$ 230.435,00 restantes não foram informados. Não entraram nesta conta os R$ 10 milhões que a direção nacional do Partido Liberal, ao qual Bolsonaro é filiado, destinou ao presidente.


Jair Bolsonaro / Agência Brasil

Após o caso vir à tona, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou uma denúncia na Procuradoria-Geral da República (PGR), neste sábado (27), por improbidade administrativa. Isso porque a doação de R$ 501 mil ocorreu um mês depois que a empresa presidida por Piquet, a Autotrac Comércio e Comunicações, faturou R$ 6.683.791,80 devido a um contrato assinado com o Ministério da Agricultura, em 2019, sem licitação.

Nelson Piquet tem se apresentado como um ferrenho defensor do presidente Bolsonaro. Em entrevista à RedeTV!, o ex-automobilista afirmou que é "Bolsonaro até a morte" e que o atual mandatário é a "salvação" para o país. "Fiquei fã dele. Eu o conheci, ele me convidou para almoçar e a gente se deu bem. Nunca me envolvi em política na vida, hoje sou Bolsonaro até a morte. Se a gente não ajudar ele, se o povo não ajudar ele... eu acho que ele é a salvação do Brasil", afirmou.

Empresário repassou valores a pessoas próximas do presidente enquanto fez lobby por mineração em terra indígena 

Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que o empresário Luis Felipe Belmonte repassou valores para pessoas próximas do presidente Jair Bolsonaro ao mesmo tempo em que atuou como lobista para legalizar a mineração em terra indígena. Os beneficiários dos repasses foram o filho Jair Renan, a advogada Karina Kufa, Sergio Lima, um dos marqueteiros da campanha, e seu sócio Walter Bifulco, segundo a Folha.

A PF teve acesso às mensagens depois de apreender o celular e computadores do empresário a pedido do Procurador-Geral da República, Augusto Aras. A medida se deu no âmbito da operação que investigou os atos antidemocráticos de abril de 2020. Belmonte foi um dos principais articulares na tentativa de criação da Aliança pelo Brasil, o partido bolsonarista que não chegou a existir.

:: Pedidos de mineração disparam e já chegam a 40% da Terra Indígena Yanomami ::

Os diálogos, realizados entre o final de 2018 e o primeiro semestre de 2020, mostram que o período dos repasses coincide com o momento em que Belmonte atuou na produção de um texto sobre a legalização de mineração em terras indígenas para ser encaminhado ao Congresso Nacional.

Jair Renan recebeu R$ 9,5 mil em 2020 para reforma do escritório de sua empresa. Já a advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, recebeu R$ 634 mil, também por meio de seu escritório. Sergio Lima, um dos marqueteiros da campanha de Bolsonaro, e seu sócio Walter Bifulco receberam R$ 1,5 milhão por meio de empresas de comunicação. 


Luis Felipe Belmonte e Jair Bolsonaro / Reprodução/Redes Sociais

Na época, a esposa de Belmonte, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), criticou os gastos por meio de mensagens. Em resposta, o empresário relacionou as despesas à viabilização do "projeto dos indígenas".

"Projeto de comunicação: envolve três fatores, a) comunicação e imagem, propriamente dito; b) aproximação com o Planalto e viabilização do projeto dos indígenas. O Presidente já deu sinal verde e já fez comunicação pública. Estou trabalhando no caso com o governo e com a Karina, advogada pessoal dele; c) preparação do Portal", disse na mensagem enviada à esposa. "Quanto aos indígenas, levei a proposta ao presidente. Foi pedido que eu prepare o decreto. Provavelmente ainda este ano começaremos a extração."

Em outra mensagem, enviada a uma pessoa de nome Samir, Belmonte afirma: "saindo agora de longas reuniões no Palácio do Planalto. A ideia de decreto para regulamentar à cata, faiscação e garimpagem está sendo muito bem recebida".

Belmonte também trocou mensagens com a liderança indígena Alvaro Tukano, que é favorável à mineração no Alto Rio Negro, no Amazonas. Em 2019, o indígena enviou uma foto ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão a Belmonte. Um dia depois, mandou a mensagem: "Não se esqueça de alimentar minha conta bancária".

Em posicionamento enviado à Folha, Belmonte disse que não há relação entre os pagamentos efetuados e sua atuação pela mineração em terras indígenas. Afirmou ainda que as mensagens enviadas à esposa foram uma tentativa de fugir das críticas.

Candidatura de Lira só é possível graças a decisão provisória que dura quatro anos 

A candidatura do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) à reeleição só é possível graças a uma decisão provisória do Tribunal de Justiça de Alagoas que ainda não foi revista pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Lira foi condenado por improbidade administrativa por utilizar a verba do gabinete, enquanto era deputado estadual em Alagoas, para financiamentos pessoais. Na sentença que condenou o atual presidente da Câmara, encontra-se que foi constatada "uma ânsia incontrolável por dilapidar o patrimônio público, corroeram as entranhas do Poder Legislativo Estadual, disseminando e institucionalizando a prática degenerada de corrupção, proselitismo e clientelismo".


Arthur Lira (PP-AL) / Elaine Menke/Câmara do Deputados

Em 2016, o Tribunal de Justiça de Alagoas confirmou a condenação, que incluiu o ressarcimento de R$ 183 mil aos cofres públicos e a suspensão dos direitos políticos por 10 anos. No entanto, em 2018, o desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas Celyrio Adamastor Tenório Accioly atendeu a um recurso especial apresentado pelo deputado e o liberou para concorrer à reeleição.

Um recurso contra a decisão do desembargador chegou ao STJ em 2020. Depois de um ano e oito meses, porém, a Corte ainda não encaminhou o caso, a despeito da Lei de Inelegibilidades, que estabelece prioridade para esse tipo de caso.

Homem é baleado após discussão com candidato  

Um homem de 29 anos, identificado como Raimundo Eduardo Pereira Silva, foi baleado em Brasília depois de uma discussão sobre o volume do som de um carro que fazia propaganda política para Rubão (PTB), candidato a deputado distrital, neste sábado (27).

Segundo um funcionário da churrascaria Tchê Garoto, localizada na Vila Planalto, onde ocorreu o crime, a vítima pediu para que o candidato abaixasse o som do carro depois que alguns clientes da churrascaria reclamaram do barulho. Raimundo é casado com a sobrinha do proprietário do restaurante.


Carro da equipe do candidato Rubão na porta de churrascaria / Reprodução

Após o pedido, começou uma discussão e um homem de 55 anos que estava acompanhando Rubão foi até o carro, pegou uma arma de fogo e atirou no rosto da vítima. Depois do disparo, o suspeito teria fugido do local em um carro adesivado com fotos de Rubão e do presidente Jair Bolsonaro.

A vítima está em estado grave no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), segundo reportagem do Uol. De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado como tentativa de homicídio, e o candidato foi autuado em flagrante por porte irregular de munição de uso.

Apoiadores de Freixo são espancados em ato no Rio de Janeiro 

Segundo a campanha de Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo do Rio de Janeiro, quatro de seus apoiadores foram agredidos quando se preparavam para uma manifestação em referência ao suposto esquema de corrupção na Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj).

O caso ocorreu em frente a uma casa de eventos onde estava o governador Cláudio Castro, do Partido Liberal, o mesmo do presidente Jair Bolsonaro. Ao estacionar o carro no loca, o grupo teria sido cercado por sete homens armados.

"Um dos integrantes foi arrastado para trás de um carro e espancado. Ele foi levado para o Hospital Regional de Campos, Ferreira Machado, e vai ser submetido a uma cirurgia no maxilar. Os outros três conseguiram fugir do cerco", informou a campanha de Freixo em nota.

Edição: Nicolau Soares