O homem apontado como responsável pela tentativa de assassinato de Cristina Kirchner tem tatuagens que podem indicar uma conexão com o neonazismo. Em imagens nas redes sociais, Fernando Andrés Sabag Montiel apresenta símbolos comuns de adeptos da filosofia extremista de origem alemã, afirma pesquisador ouvido pelo Brasil de Fato.
Em seu cotovelo, Montiel tem um sol negro, uma representação usada pelo nazismo alemão e por grupos seguidores de Adolf Hitler. As diversas runas sobrepostas foram adotadas por Heinrich Himmler, um dos principais líderes do nazismo. O autor do atentado ainda têm tatuagens da cruz de ferro, condecoração militar existente desde a Prússia, e do Martelo de Thor, da mitologia nórdica.
"Essas tatuagens fazem parte desse conjunto desse campo político [neonazista]. Elas são até mais utilizadas do que, por exemplo, a suástica, por causa da criminalização do símbolo. Esse Mjölnir [martelo de Thor], o sol negro, a cruz de ferro, as runas, todas são formas de expressar uma posição política sem necessariamente cometer algum crime. Então não é algo que a pessoa vá presa como se ela estivesse usando uma camiseta com uma suástica", afirma o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Alexandre de Almeida.
Essa simbologia, ressalta Almeida, não foi inventada pelo nazistas, mas foram "apropriadas" por Hitler e seu grupo para "construir uma ancestralidade".
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Membro do Observatório da Extrema Direita e com experiência em pesquisa de campo de grupos neonazistas argentinos, Almeida destaca que ainda é cedo para afirmar com certeza que Montiel é um "militante neonazista". Com poucas informações até o momento, o pesquisador afirma que o martelo de Thor, por exemplo, também é utilizado por outros grupos que não se filiam à ideologia de Hitler.
"O neonazismo na Argentina também é bem marginal, ele não tem grandes espaços. Houve tentativas de criação de partidos abertamente nazistas, houve um movimento fascista nos 30 na Argentina, como teve aqui no Brasil também. Mas especialmente após o fim da ditadura argentina, aconteceu como aconteceu como no Brasil, tentativas de pequenos partidos, nanicos, grupelhos, levar à frente esse legado político, mas que não tiveram muita força", destaca Almeida.
Edição: Arturo Hartmann