Em comício em São Luís, na noite desta sexta-feira (2), o candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a condução do governo federal durante a pandemia. Mais do que isso, ressaltou a insensibilidade do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que “não derramou uma lágrima” pelas vítimas da covid. “Esse genocida não merece estar na presidência da República”, disse. E emendou: “7 de setembro é o dia da Independência. Mas a verdadeira independência acontecerá em 2 de outubro, quando o povo for às urnas transformar o Brasil num país soberano e independente novamente”.
Lula não poupou ataques a Bolsonaro. Disse que tomou a decisão de disputar a presidência porque não pode aceitar o país ser destruído pela “incompetência de um fascista”, “alguém que conta sete mentiras por dia”. Frisou que o ex-capitão foi expulso do Exército Brasileiro. E prometeu revogar os decretos que Bolsonaro impôs para esconder seus crimes. “Quem não deve não teme. Não deve esconder nem um dia. Ele está tentando esconder 100 anos”.
O ex-presidente também disse que pretende voltar para “acabar com a fome” mais uma vez. Disse não se conformar que, num país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, as pessoas não tenham o que comer. Além disso, prometeu “estabilidade” para o Brasil voltar a crescer. Disse que o salário mínimo vai voltar a ter reajuste acima da inflação, e que vai corrigir a tabela do Imposto de Renda, para reduzir a carga tributária para a população.
Lula ressaltou a necessidade de eleger deputados e senadores comprometidos com o povo brasileiro. Nesse sentido, disse que é preciso acabar com o Orçamento Secreto. “Se fosse bom, não seria secreto”, ressaltou.
Mentiras e religião
Para combater às mentiras de Bolsonaro e seu grupo, Lula pediu o engajamento dos militantes, no mundo real e nas redes sociais. “Não deixem uma mentira sem discutir”, conclamou. “É tanta mentira. Eles dizem que não sou cristão. Mas quem criou a Lei de Liberdade religiosa fui. Quem criou o Dia do Evangélico fui eu. Eles mente descaradamente”.
Por outro lado, Lula disse que seu Deus “é o da verdade e do amor, e não o do ódio”. E defendeu a separação entre Estado e religião. “Não misturo política com religião. O Estado não tem religião, tem que tratar bem todas as religiões. A igreja, no entanto, disse ele, “não pode ter partido”.
Retomada
A retomada programas de inclusão na área da Educação foi citada por Lula. “Pagar para vocês estudarem não é gasto, é investimento. É por isso que vamos investir mais no Prouni, no Fies, em universidades, em escolas técnicas.” Deu especial destaque às escolas em tempo integral.
Sinalizou ainda para a volta do Minha Casa Minha Vida. E voltou a afirmar que a geração de empregos é a sua “maior obsessão, porque é o emprego que traz dignidade para o ser humano”. E defendeu igualdade salarial entre homens e mulheres.
“A mulher é sujeito da política e da história. Elas estão entrando no mercado de trabalho, mas o homem ainda não aprendeu a ir para a cozinha. É importante aprender a dividir as tarefas de casa”, disse. De acordo com o Datafolha desta quinta, Lula tem a preferência de 48% do eleitorado feminino, 20 pontos à frente de Bolsonaro.
Só há um caminho
Também participaram do ato com Lula em São Luís o governador do Maranhão e candidato a reeleição, Carlos Brandão (PSB), e o seu candidato a vice, Felipe Camarão (PSB). O ex-governador Flávio Dino (PSB), que disputa o Senado, lembrou a realização de mais de 1.500 obras educacionais, hospitais e restaurantes populares no Maranhão. Dino ressaltou as influências europeias no estado, citando lema da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade. “É a hora de fazer isso de perto agora. E só existe um caminho, somente um. Quem quer liberdade, igualdade e fraternidade é Lula.”
Isso significa, de acordo com ex-governador, que os maranhenses querem “mais direitos”. E criticou o atual presidente: “Esse estado nunca se enganou com miliciano, nem abaixou a cabeça para a demagogia”.
Dino se emocionou ao lembrar dos desafios que enfrentou no combate à pandemia. Por outro lado, destacou que o Maranhão registrou a menor taxa de mortalidade por covid. Desse modo, saudou o empenho dos profissionais de saúde do estado.
Além disso, Dino rebateu as falsas acusações de corrupção contra o ex-presidente. “Lula respondeu a 26 processos. Só teve uma condenação, proferida por alguém que não era juiz, mas um político disfarçado de juiz, que era Sergio moro”, criticou. “E essa condenação não existe mais, porque o Supremo anulou”, explicou Dino, que também é Jurista. “Lula é inocente, ontem, hoje e amanhã”. Ao final, saudou sua religiosidade e concluiu: “Fé no Pai, que o Bolsonaro cai”.
Exemplos de inclusão
A jovem Rebeca Maria Alves de Lima, vinda de uma família pobre, agradeceu a Lula por todas as mudanças que aconteceram na sua vida através da educação. “Estou representando todos os alunos que mudaram sua trajetória de vida por meio do ProUni. Com as oportunidades que tive, consegui chegar na faculdade de Medicina. Hoje sou médica formada, e tenho um amor imenso pela profissão”, contou. “O Brasileiro não quer arma. O brasileiro quer livro”, acrescentou.
Do mesmo modo, Roberta Nogueira, que conquistou a casa própria através do Minha Casa Minha Vida, em Paço do Maranhão, enalteceu conquistas sociais do governo Lula. “Venho da União por Moradia Popular (UMP-MA), que representa cada um de nós que luta por moradia. Fui muito humilhada por não ter uma casa. Mas hoje eu tenho um lar, um endereço. Tenho meu filho formado em Direito, também pelo ProUni. Tenho orgulho do seu governo, do nosso governo”, disse ela ao ex-presidente.