Povo brasileiro

Pela primeira vez, dados do Censo permitirão identificar populações quilombolas

Entidades da sociedade civil reforçam que a auto declaração é um direito ancestral

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Com dois anos de atraso, a 13ª edição do Censo pretende chegar em 89 milhões de endereços - Tânia Rêgo/ Agência Brasil

Desde o começo de agosto, os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão em campo para realizar o Censo 2022. Ao todo são 211 mil pessoas trabalhando neste Censo, que pretende realizar entrevistas em 89 milhões de endereços brasileiros.

Apesar de ter sofrido modificações, a realização de censos demográficos não é uma novidade no Brasil e no mundo. É o que explica Mariana Viveiros, coordenadora de divulgação do Censo 2022 na Bahia. "Eles existem desde antes do início da Era Cristã. Inicialmente eram operações de contagem que tinha finalidade principalmente militares e fiscais. Os censos atuais têm uma função importantíssima, que é contar a população e detalhar o perfil demográfico, algo que é imprescindível para uma série de políticas públicas", explica.

O Censo de 2022 é a 13° edição e acontece com dois anos de atraso, em 2020 não foi realizado por causa da pandemia e em 2021 por falta de recursos. Mariana explica que o censo brasileiro atual "traça um retrato muito detalhado e amplo de quanto somos, como somos, onde estamos e como vivemos, além de ser a única pesquisa que investiga uma série de temas e em nível municipal"

Comunidades quilombolas e populações indígenas

Em 2022, pela primeira vez as populações quilombolas podem ser identificadas como tal. Por lei, povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados que possuem formas específicas de organização social. Mariana Viveiros comenta que as comunidades quilombolas são extremamente importantes para o Brasil. "Em alguns estados como a Bahia, Maranhão e Goiás, essa população é mais importante ainda, porque é bastante numerosa, e que precisa dessa visibilidade e de ter as suas necessidades, demandas específicas, mostradas pelo Censo", pontua.

Organizações da sociedade civil orientam para a importância da auto declaração, especialmente sobre a identificação étnico-racial. As organizações reforçam que a auto declaração é um direito ancestral. Para o IBGE, não é necessário que a pessoa indígena saiba e/ou comprove qual o seu povo de origem ou que saiba alguma língua indígena. Também não é preciso que a pessoa indígena esteja em um território demarcado. Indígenas que estão no contexto urbano têm o direito a auto declaração indígena, mesmo que não tenham familiares morando em territórios indígenas oficializados.

O recenseamento tem dois tipos de questionários, um mais amplo com 77 perguntas e um reduzido com 26 perguntas. Eles podem ser respondidos presencialmente, pela internet ou por telefone. Quem escolher responder pela internet, o recenseador irá na casa da pessoa para entregar o código necessário para preencher o questionário. Pelo telefone, ocorre o mesmo processo. No caso da entrevista pela internet, o morador terá sete dias para responder.

Fonte: BdF Bahia

Edição: Lorena Andrade