O Exército de Israel admitiu, por meio de um relatório divulgado nesta segunda-feira (5), que existe uma "grande possibilidade" de que a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh tenha sido morta por uma bala disparada por um soldado israelense.
A conclusão foi divulgada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) quase quatro meses após o assassinato da repórter da Al Jazeera durante uma operação militar no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.
Abu Akleh foi morta com um tiro na cabeça enquanto usava um colete à prova de balas com a palavra "press" (imprensa) e capacete.
"Existe uma grande possibilidade de que Abu Akleh tenha sido atingida por um tiro da IDF disparado contra suspeitos identificados como palestinos armados", diz o relatório do Exército israelense, que admitiu pela primeira vez a possibilidade de culpa no homicídio da jornalista.
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Apesar do documento afirmar que "não é possível determinar inequivocamente qual tiro a matou", ele ressalta que "há uma grande probabilidade de que ela tenha sido atingida por um soldado da IDF que não a identificou como jornalista".
Nas horas seguintes ao assassinato, o governo de Israel chegou a insinuar publicamente que Abu Akleh pudesse ter sido morta por "palestinos armados".
Uma investigação realizada pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU em junho concluiu que o tiro fatal partiu das forças de segurança de Israel.
O relatório do Exército destacou que há "possibilidade relevante" de que a repórter tenha sido baleada por fogo palestino, mas diz que os tiros dos soldados israelenses tinham como objetivo "neutralizar terroristas".
A Procuradoria Militar israelense não vai abrir um inquérito penal sobre o caso, e nenhum soldado de Israel será punido pela morte da jornalista.
Após a divulgação do relatório, o porta-voz da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Nabil Rudeinah, afirmou que essa é uma "nova tentativa de Israel de fugir da própria responsabilidade no homicídio". "Todas as provas, os fatos e os inquéritos conduzidos até agora comprovam que Israel é culpado por esse crime", reforçou.