O presidente Jair Bolsonaro (PL) construiu uma "realidade paralela" e pode incitar uma "insurreição" caso seja derrotado nas eleições, afirma a influente revista britânica The Economist em texto publicado nesta quinta-feira (8). A publicação colocou o presidente brasileiro em sua capa com a manchete: "O homem que seria Trump".
A revista cita semelhanças no comportamento de Bolsonaro com a tentativa de golpe que o ex-presidente Donald Trump tentou levar adiante nos Estados Unidos após ser derrotado por Joe Biden nas eleições: semear a divisão, dizer que críticas são notícias falsas e apontar opositores como forças maléficas.
"Ele [Bolsonaro] parece estar lançando as bases retóricas para alegar fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores. Os brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição, talvez como a que a América sofreu quando uma multidão de apoiadores de Donald Trump invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – ou talvez até pior", diz a The Economist.
A revista ainda afirma que Lula (PT) não é o "candidato ideal", mas é um "esquerdista pragmático e foi um presidente bastante bem-sucedido entre 2003 e 2010".
"O melhor resultado seria Bolsonaro perder por uma margem tão ampla que ele não possa alegar plausivelmente ter vencido", diz a The Economist.
Imprensa da Argentina e Espanha
O jornal argentino Página/12 destacou o 7 de setembro em Brasília como um "desfile macartista e de sojeiros" e classificou a primeira-dama Michelle Bolsonaro como uma "militante evangélica". A publicação também destacou a defesa de Bolsonaro da ditadura de 1964 e o uso desse período como uma "ameaça velada" contra seus opositores.
"O curioso é que esse tipo de intimidação é usada por Bolsonaro com mais frequência quando sua situação é adversa, como é o caso agora quando faltam 25 dias para a votação e ele não avança suficientemente nas pesquisas", publicou o Página/12.
Já o jornal espanhol El Pais também ressalta a possibilidade de o Brasil ter um episódio similar com a invasão do Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores de Trump em 2021 e que uma "ruptura democrática" é especulada há meses em terras brasileiras.
"A cruzada de Bolsonaro contra outras instituições — especialmente contra seu maior contrapeso, a Suprema Corte — e a nostalgia que ele demonstra pela ditadura, combinada com a memória do violento ataque de trumpistas radicais no Capitólio, alimentaram o medo de que o Brasil pudesse experimentar atos semelhantes", afirma o El País.
Edição: Arturo Hartmann