Um sítio arqueológico localizado no Paranoá (DF) está sendo ameaçado pela construção de uma rodovia que pode soterrar e destruir artefatos deixados ali pelos primeiros humanos que habitaram a região onde hoje é o Distrito Federal.
Ativistas e pesquisadores têm se mobilizado para evitar que as obras destruam o patrimônio arqueológico. Defensora da causa, Patrícia Queiroz Aucélio, garante que o interesse na abertura da rodovia é puramente econômico. “A intenção é simplesmente atender à demanda da empresa que não quer as pessoas que vão comprar seu empreendimento imobiliário passem em frente a regiões mais pobres. Então, passando a rodovia dentro do núcleo rural, torna-se uma coisa mais bucólica, e tem uma busca de clientes mais interessante”.
O local é conhecido como Sítio Arqueológico Cachoeirinha e abriga objetos de pedra lascada fabricados por humanos há 8.414 anos. Os artefatos são encontrados ao longo de uma área de 16 hectares.
O objetivo da rodovia 456, como ficou conhecido o empreendimento que ameaça o patrimônio, é ligar a DF-250 a DF-001, passando dentro do Núcleo Rural Desembargador Colombo Cerqueira.
Patrícia afirma que, mesmo sem interesse público na construção da rodovia, especialmente após a duplicação da BR-250, a parceria público-privada já estaria fazendo demarcações e desmatando uma mata de pinheiros no local por onde se planeja passar o asfalto.
O Iphan informou que ainda está em curso a análise final referente aos impactos que a construção da rodovia trará para as áreas próximas ao sítio arqueológico.
Petição
Uma petição na internet reúne assinaturas contra a destruição do patrimônio arqueológico e ambiental, uma vez que o local também é o berço de mananciais de água e espécies de plantas e animais nativos do Cerrado.
Até o momento, 264 pessoas já aderiram à petição. “Estamos pensando em mais estratégias de enfrentamento. Já realizamos uma mobilização em frente ao Palácio do Buriti para pressionar o GDF para que desista da rodovia. Planejamos ir novamente, mas a data não está definida”, disse Patrícia.
Histórico
De acordo com o Iphan, o sítio foi identificado durante a realização do Projeto de Implantação do Loteamento Jardins Genebra. Entre os anos de 2017 e 2019, o órgão realizou atividades de delimitação, cadastro, resgate, monitoramento e divulgação da pesquisa acerca dos objetos pré-históricos encontrados ali.
“Concluída a pesquisa e assegurado o registro científico do sítio e o atendimento da legislação, o Iphan emitiu a anuência para as Licenças de Instalação e Operação do Loteamento Jardins Genebra”, informou o órgão.
Já o Plano de Gestão da parte do sítio que sofrerá os impactos da rodovia ainda está em andamento. A última portaria do órgão autorizou as atividades de resgate da parcela do sítio que será impactada. “Será encaminhado o Relatório Final do Programa de Gestão, a partir do qual o IPHAN realizará análise e, constatado o cumprimento do registro científico e o atendimento da legislação, será emitida a manifestação deste órgão sobre as Licenças de Instalação e Operação”.
GDF
O Brasil de Fato procurou a assessoria de comunicação da Secretaria de Obras e Infraestrutura do GDF, mas a resposta foi de que a pasta desconhece o empreendimento da rodovia. O espaço permanece aberto para manifestação.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino