Com recorde de desmatamento nos últimos três anos, mais de 50% da área devastada da Amazônia aconteceu em áreas públicas, com destaque para territórios indígenas. Neste ano, a sua preservação ou a continuidade de um processo de devastação e destruição estão no centro do debate durante as Eleições 2022.
Entre os motivos para o avanço da destruição da Amazônia estão o desmonte da estrutura de fiscalização ambiental, a flexibilização de leis de conservação e do uso de terras, além do perfil do governo à frente dessas decisões, por isso ativistas levantam uma questão fundamental: “O que vamos decidir para o futuro da Amazônia durante as eleições 2022?”.
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Advogado popular e representante da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão, Diogo Cabral explica que o modelo de desenvolvimento adotado na Amazônia tem estimulado a desigualdade.
“O que nós assistimos nos últimos anos é que as políticas públicas, por exemplo de demarcação de terras indígenas, de titulação de terras quilombolas, de assentamentos da reforma agrária foram completamente destruídas pelo governo Bolsonaro, e isso possibilitou que grandes porções territoriais fossem incorporadas ao agronegócio, a um custo social, ambiental e econômico gigantesco. E esse custo nós podemos ver com clareza, toda a região é norteada pela desigualdade”, explica.
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Cabral enfatiza a necessidade de propor uma ruptura com esse modelo de desenvolvimento, com a inclusão dos povos e comunidades tradicionais na construção de políticas públicas.
“Não haverá floresta em pé se os povos e comunidades não estiverem juntos, se não estiverem incluídos em políticas públicas efetivas por parte do estado brasileiro. E mais, se não houver uma ruptura com esse modelo de desenvolvimento hegemônico, capitalista, sem sombra de dúvidas teremos um processo acelerado de destruição dessa floresta.”
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A Comissão Pastoral da Terra (CPT), que atua no contexto de injustiça social relacionada aos direitos à terra e ao território complementa a reflexão e aponta a importância de pesquisar e escolher candidatos que estejam comprometidos com a questão socioambiental.
“A Amazônia é um dos biomas fundamentais para a existência e sobrevivência do planeta, então estar atento a candidatos que estejam preocupados com a questão socioambiental, comprometidos com o enfrentamento do agronegócio, do garimpo ilegal em terras indígenas e territórios tradicionais, da mineração, é o ponto principal nesse momento”, explica a representante da CPT, Andressa Zumpano.
Amazônia Legal tem o maior desmatamento em 15 anos (Imazon) / PF / Amazônia Real / Fotos Públicas
Dados da CPT apontam que em 2021, mais de 37 mil famílias foram impactadas por incêndios criminosos, mais de 35 mil famílias foram impactadas por grilagem de terra e mais de 42 famílias pelo desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia.
Ainda segundo a entidade, essas são práticas usadas para a expulsão de comunidades tradicionais de seus territórios e destruição de áreas de preservação ambiental e precisam ser freadas enquanto há tempo.
“Trago esses números como forma de alertar para como a destruição e a degradação vem avançando e como é fundamental nesse momento pautar que quanto no cerne da política institucional, como das resistências, que esse processo de destruição pare imediatamente, se não, não haverá futuro para a Amazônia”, conclui Zumpano.
Edição: Rodrigo Durão Coelho