O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou, por meio de nota, que não existe nenhum "acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados [pelos tribunais regionais eleitorais] para a totalização do pleito eleitoral".
A nota foi divulgada depois que o jornal Folha de S. Paulo publicou a informação de que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, teria fechado um acordo com os militares, durante uma reunião no dia 31 de agosto, para liberar os arquivos brutos da totalização dos votos.
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No dia desta reunião entre Moraes e o Ministério da Defesa, o TSE divulgou uma nota na qual informou que "foi reafirmado que haverá a divulgação de todos os BUs (Boletins de Urna) pelo TSE, possibilitando a conferência e totalização dos resultados eleitorais pelos partidos políticos e entidades independentes". A nota, no entanto, não fala em nenhum acordo.
Na nota divulgada nesta segunda-feira (12), o TSE informou que, independentemente de acordo, militares podem ir até as seções eleitorais e somar os boletins das urnas eletrônicas, que são abertos a qualquer pessoa. "Qualquer interessado poderá ir às seções eleitorais e somar livremente os BUs de uma, de dez, de trezentas ou de todas as urnas", informa a nota do tribunal.
"O TSE reitera informação amplamente divulgada em junho passado sobre a contagem de votos, a partir da somatória dos BUs [boletins de urna], ser possível há várias eleições e que, para o pleito deste ano, foi implementada a novidade de publicação dos boletins de urnas pela rede mundial de computadores, após o encerramento da votação para acesso amplo e irrestrito de todas as entidades fiscalizadoras e do público em geral", diz o TSE em nota desta segunda.
De acordo a reportagem da Folha de S. Paulo, os militares enviarão fotos do QR Code de 385 boletins de urnas eletrônicas para o Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília, que fará a contagem dos votos. De acordo com os militares, a quantidade garantirá um índice de confiança no resultado de 95%.
Animosidade
A contagem de votos paralela, se realizada, irá se somar ao clima de suspeitas criado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem lançando dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro. Em recente entrevista à Jovem Pan, o mandatário afirmou que, caso as sugestões das Forças Armadas sejam acolhidas pelo TSE, as possibilidades de fraude serão reduzidas a próximo de zero. Uma das sugestões é a alteração do teste de integridade das urnas.
"Próximo de zero não é zero. O que nós queremos não são eleições limpas?", disse o presidente. "Esse clima de animosidade poderia ter sido resolvido há muito tempo, se o ministro [Luís Roberto] Barroso, [ex-presidente do TSE,] não fosse para dentro da Câmara dos Deputados interferir diretamente numa Proposta de Emenda à Constituição que estava sendo votada e falava do voto impresso", complementou.
Edição: Nicolau Soares