Cozinha popular, oficinas de capoeira e cavalo marinho, reuniões e distribuição de café da manhã solidário são algumas atividades desenvolvidas no galpão cultural da Ocupação Pátria Livre. No espaço, acontecem ações de interesse da população, especialmente dos moradores da Pedreira Prado Lopes, na região central de Belo Horizonte, periferia onde está localizada a ocupação.
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Nos cinco anos de existência da Pátria Livre, o galpão é um ponto de apoio da população e já foi sede, por exemplo, de ensaios de blocos de carnaval, apresentações culturais, capacitações profissionais e até mesmo de transmissões dos jogos da Copa do Mundo. O galpão integra o terreno da ocupação, que também conta com um prédio de cinco andares, onde são organizadas as moradias das famílias.
Além da vocação cultural, o galpão conta com uma cozinha coletiva que tem sido ferramenta importante para a geração de renda dos moradores. Desde o início, as famílias realizam a produção e venda de refeições, e revertem os recursos arrecadados em benfeitorias nas casas.
“Já arrumamos o telhado, melhoramos as divisórias, a instalação elétrica e a hidráulica, e agora vamos colocar vidros nas janelas laterais”, explica Milene Maria, moradora da ocupação e militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), entidade que organiza a ocupação.
Recentemente, as moradoras da Pátria Livre e outras mulheres do aglomerado realizaram uma formação em panificação e abriram, em caráter experimental, uma padaria popular. A iniciativa é uma das formas pensadas pelo MTD para garantir emprego e renda às famílias.
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Com experiência na cozinha coletiva, Claudinete Ramos da Silva conseguiu recentemente um emprego formal. Ela avalia que, sem o apoio da ocupação, estaria enfrentando dificuldades para manter a família. “Além do alívio de não pagar o aluguel, pela organização eu também conquistei uma renda fixa. Só os remédios da minha mãe, por exemplo, são R$ 800 por mês. Se eu não estivesse aqui, ficaria impossível cuidar dela”, reforça a moradora.
Cinco anos de Pátria Livre
A Ocupação Pátria Livre nasceu no dia 7 de setembro de 2017, a partir de uma iniciativa das famílias da Pedreira Prado Lopes, organizadas no Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). Na época, o movimento, que atua no território desde 2005, explicou que o imóvel estava abandonado há 20 anos, acumulava lixo e animais peçonhentos. Enquanto isso, dezenas de famílias estavam em casas precárias e enfrentavam dificuldades para pagar o aluguel.
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O terreno da ocupação pertence a um empresário do setor imobiliário e está em uma Zona Especial de Interesse Social, ou seja, deve ser priorizado para a construção de moradias para as populações de baixa renda. A discussão sobre o destino definitivo do espaço está parada na mesa de negociação do governo estadual. Estima-se que hoje Minas Gerais tenha um déficit habitacional de 496 mil domicílios.
O sonho da casa mobiliada
A maioria das 13 famílias que residem na ocupação são chefiadas por mães solo. Uma delas é Valdinéia Ferreira. Sem ter que pagar o aluguel, hoje ela comemora a conquista de mobiliar a casa onde mora com seus dois filhos. Agora, ela sonha com a posse definitiva do imóvel para todas as famílias que necessitam.
“Nós estamos persistindo na luta pelo nosso direito. Porque tem tantas casas desapropriadas, que [o poder público] não ocupa, não doa, não faz nada para ajudar a comunidade e as famílias carentes”, destaca. “Nós, pobres assalariados, nunca na vida conseguiríamos comprar uma casa, nem um barraquinho na comunidade", completa.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa