Dados do último Boletim InfoGripe, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram que o crescimento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças e adolescentes registrado entre o final de julho e agosto estancou e até diminuiu em alguns estados.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, os dados iniciais não sugerem um aumento de casos de covid-19, ainda que a doença seja prevalente entre os casos com resultado positivo para Sars-CoV-2. “Nós observamos que houve, quase que simultâneo nas mais diversas regiões do país, um aumento expressivo no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave nas crianças e adolescentes, no final de julho, que coincide justamente com o final das férias escolares”, afirma.
“Por se tratar de crescimento restrito ao público infantil, temporalmente associado ao retorno escolar após o período de férias, é possível que esse crescimento esteja ligado a vírus respiratórios comuns ao ambiente escolar”, destaca.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios, 3,4% foram para influenza A; 0,2% para influenza B; 6,5% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 68% para Sars-CoV-2.
No entanto, “na última atualização, referente ao final de agosto, a gente já observa que diversos estados já interromperam essa tendência de crescimento e alguns estados inclusive já apontam para diminuição no número de novos casos nesse público”, afirma Gomes.
O pesquisador afirma que os dados mostram que outros vírus respiratórios, como influenza A, têm um impacto “importante” nas internações em crianças e adolescentes. Nesse sentido, o pesquisador reforça a necessidade de “melhorar o ambiente escolar, a qualidade da ventilação, a circulação de ar nas salas de aula”.
Por isso, Gomes também aponta que o uso da máscara deve ser incorporado como hábito em determinadas situações. “Qualquer pessoa que está com qualquer sinal de infecção respiratória, se for sair, deve usar máscara, especialmente nesses períodos de maior circulação, de maior ocorrência de infecções respiratórias, porque isso ajuda muito a diminuir a transmissão. Se já ajuda para covid-19, para os outros grupos respiratórios, que são menos transmissíveis que a covid, as máscaras ajudam ainda mais”, afirma.
No caso de crianças e adolescentes, a recomendação, além do uso de máscara, é ficar em casa ao sinal dos sintomas, “porque uma criança com febre muito provavelmente pode estar com algum uma infecção, algum vírus, e isso acaba transmitindo para os demais no ambiente escolar”.
Edição: Rodrigo Gomes