Cursos de formação em direitos humanos, hortas que produzam alimentos e renda para os moradores e a construção de mais escolas e creches, essas foram algumas das ações definidas como prioritárias para o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, durante diversas reuniões realizadas pelo Fórum de Ação Popular do Alemão.
O Fórum, que é formado pelo Instituto Raízes em Movimento e organizações do coletivo Juntos Pelo Complexo, teve seu mais recente encontro no último sábado (10) na Vila Olímpica da comunidade. Durante o evento, além de debates, aconteceram atividades para crianças, massoterapia, oficina de turbante e apresentações do grupo “Talentos do Morro”.
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O objetivo da reunião foi debater os problemas, já sistematizados de outros encontros realizados, acerca do Complexo e as possíveis soluções para eles. O evento contou com discussões na parte da manhã e, durante a tarde, os participantes organizaram um documento com as medidas necessárias para o bem-estar dos moradores do Alemão. As demandas são dividas em 13 temáticas que tratam sobre saúde, educação, juventudes, meio ambiente, esporte, segurança pública, entre outras.
O cofundador e presidente do Instituto Raízes em Movimento, Alan Brum, explica em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que o propósito do Fórum é pensar o desenvolvimento das favelas a partir dos próprios moradores.
“Ter um fórum popular com a participação dos moradores é fundamental porque a dinâmica da vida social, as prioridades da favela têm um sentido próprio, não é o mesmo sentido da sociedade como um todo, da cidade como um todo, mas tem algumas especificidades desse perfil socioeconômico, dessa dinâmica da ocupação do solo muito própria das favelas, tudo isso traz um caldo cultural muito próprio”, ressaltou Alan.
Dona Mariza Nascimento tem 72 anos, é moradora do Complexo do Alemão há 52 anos e sempre esteve ativa na construção de ações para melhorar o local. Para ela, é preciso que o estado dê mais atenção para as demandas de quem vive nas favelas.
“Aqui deveria estar toda a equipe de saúde da família ou pelo menos um representante de cada equipe e os agentes de saúde geral que é pra ver a questão do lixo, da conscientização dentro da comunidade para esse povo se sentir atendido pela saúde da família que está distante. A comunidade tá aqui e a saúde da família está lá”, argumentou Dona Mariza.
O próximo passo do Fórum é cobrar do Poder Público o comprometimento com as ações definidas no documento e depois fiscalizar a execução.
A representante da ONG Espaço Democrático de União, Convivência, Aprendizagem e Prevenção (EDUCAP), Lúcia Cabral disse que é imprescindível que a população participe desse momento de construção na comunidade.
“Falar sobre políticas públicas para a mulher, falar sobre políticas públicas para a saúde, saneamento básico, segurança pública, sobre política de mulheres lésbicas, do público LGBTQIA+ e de outras temáticas que surgem dentro dessa proposta é falar sobre participação democrática, participação do povo e uma construção em conjunto”, finalizou.
O Fórum surgiu do Plano de Ação Popular do CPX, projeto realizado pelo Instituto Raízes em Movimento e organizações do Juntos pelo Complexo, que tem o apoio da Agência do Bem, do Fundo das Populações das Nações Unidas (UNFPA), do Trilhas de Cairo, da Casa Fluminense e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
As organizações e movimentos que compõe o Juntos pelo Complexo são Abraço Campeão, Mulheres em Ação do Alemão, Amigos do Alemão, Oca dos Curumins, CEM, Ocupa Alemão, Coletivo Papo Reto, Resgatando Inocências, Educap, Vidançar, Instituto Brasileiro de Lésbicas, Voz da Comunidade e Instituto Raízes em Movimento.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse