Ronda Política

Delator diz que Cláudio Castro ganhou propina, dissidentes do PDT se colocam contra Ciro e mais

Atual governador do RJ teria feito parte de esquema para receber propina enquanto vereador e vice-governador

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Cláudio Castro
Cláudio Castro é candidato à reeleição ao governo do Rio - Rafael Campos/Divulgação/Governo RJ

Marcus Vinícius Azevedo da Silva, empresário e ex-assessor do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que o candidato à reeleição recebeu propina enquanto vereador da capital fluminense e vice-governador do estado, conforme apuração do Uol. As declarações foram feitas ao Ministério Público do Rio, no âmbito da Operação Catarata, que investiga desvio de verbas em projetos sociais da prefeitura e do governo.

De acordo com o depoimento, Castro de aproximou do empresário ainda em 2015, quando o atual governador lançou sua candidatura à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Na época, Silva topou assumir a coordenação da campanha em troca de um cargo num possível gabinete.

No desenrolar da campanha, Silva conseguiu apoio do empresário Flávio Chadud. "Quando eu trouxe um candidato em potencial a ser eleito vereador, o Flávio não perdeu a oportunidade. Ele tem um olhar como poucos. [...] Ele até ajudou, deu uns R$ 50 mil para me ajudar a pagar umas despesas de campanha do Cláudio." No registro oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no entanto, não há registro de doações de Chadud.

Já como vereador, Silva afirmou que Castro fez a ponte para que dois contratos – um de uma ONG chamada Ibrapes, ligada ao delator, e outro da Servlog Rio Consultoria e Assessoria Empresarial, de Chadud – fossem incorporados pela Subsecretaria de Pessoa com Deficiência (SUBPD), em 2017, na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos). Em troca, Castro votou a favor da proposta de Crivella de aumento do IPTU.

:: Datafolha: Claudio Castro com 31% e Freixo 27% têm empate técnico no Rio de Janeiro ::

Após o acordo, os dois contratos teriam sido um canal de propina e capital político para Castro. Silva, no entanto, não detalhou os valores que supostamente teriam sido recebidos pelo atual governador.

Dados do Uol mostram que o subsecretário de Pessoa com Deficiência, Geraldo Nogueira, autorizou um termo aditivo de R$ 6,5 milhões em um contrato com a ONG de Marcus Vinicius, em julho de 2017. Meses depois, em setembro do mesmo ano, o subsecretário assinou um termo no valor R$ 3,488 milhões para prorrogar o contrato com a empresa de Chadud.

Enquanto vice-governador, Castro e Marcus Vinícius teriam atuado para transferir o comando da Fundação Leão 13 – com a qual o delator e Chadud tinham contratos de projetos sociais – da então secretária de Desenvolvimento Social, Fabiana Bentes, que não fazia parte do acordo de propina do grupo, para a Vice-Governadoria, ou seja, para as mãos de Cláudio Castro.

Em 9 de janeiro de 2019, o governador Wilson Witzel publicou um decreto transferindo a Fundação Leão 13 da Secretaria de Desenvolvimento Social para a Vice-Governadoria. Com isso, 20 dias depois, o contrato com Chadud foi renovado e o de Marcus Vinícius foi rescindido para não levantar suspeitas, já que o delator foi assessor de Castro.

"Deixa o Novo Olhar [projeto da empresa de Chadud] prosseguir. Você, Cláudio Castro, passa a ser o dono do contrato. Ou seja, dono do contrato é: você diz quem vai atender e a propina que sobra é sua. E do Marcus [Vinícius - fala de si próprio na terceira pessoa], o Agente Social, o Marcus vai mandar um ofício para a Leão 13 pedindo o cancelamento, uma rescisão contratual. E mais tarde vocês dão um contrato para o Marcus, para ele ter a contrapartida dele."

Dissidentes do PDT se manifestam contra Ciro e a favor de Lula 

Um grupo de dissidentes do PDT estão elaborando um manifesto contra o presidenciável pedetista Ciro Gomes e a favor do ex-presidente Lula (PT).

"O Manifesto terá como objetivo escancarar a dubiedade de Ciro mostrando o contraste de suas falas sobre Lula nos anos de 2016, 2017 e 2018 comparando com as falas atuais, que enxergamos ser uma conveniência eleitoral, e pregando o voto útil em Lula no dia 2 de outubro para evitar um segundo turno turbulento e sangrento nesse país", afirmou Gabriel Cassiano, ex-aliado de Ciro Gomes, em entrevista à CNN.

:: Brizolistas históricos do Rio Grande do Sul questionam a conduta de Ciro na campanha ::

Além de Cassiano, também integram o grupo os vereadores do PDT em João Pessoa, Junior Leandro e Betinho; André Luan, ex-diretor da Fundação Leonel Brizola em Minas Gerais; e Vinicius Dino, ex-secretário Geral da Juventude Socialista de São Paulo.

No documento, eles afirmam que "Ciro começa a adotar um tom mais iracundo contra a base petista. Não vamos gerar um desgaste ainda maior com a postura de Ciro, expondo por vezes seu vocabulário chulo nos vídeos e redes sociais. Não é essa nossa intenção. Porém, cabe lembrar que quem assume o tom 'polarizador' no pior sentido do termo é o nosso ex-companheiro de PDT".


Ciro Gomes é pré-candidato à Presidência da República pelo PDT / ©Carl de Souza / AFP

"O ano é 2022. Aquele Ciro que conseguia se manter numa sintonia fina com o campo progressista já não existe mais. Se em 2018 a grande maioria da militância trabalhista foi às ruas pedir votos para Fernando Haddad, atualmente vemos infelizmente alguns colegas dizerem que irão votar nulo em um eventual segundo turno. Há outros que pensam em apoiar até mesmo Bolsonaro. Mais do que indignação, ver o projeto nacional de desenvolvimento errar na sua composição tática e estratégica é motivo de muita tristeza e decepção", afirmam no documento ao qual a CNN teve acesso.

"Diante disso, nós que apoiamos Ciro entre 2016 e 2019 clamamos aqueles que possuem a mesma visão a não vacilarem, apoiando a única candidatura capaz de derrotar o bolsonarismo já no primeiro turno. Não se trata de voto útil. É uma necessidade histórica, algo que, mais uma vez, lamentamos ver Ciro Gomes, uma figura ímpar para pensar o desenho institucional do país ser incapaz de enxergar essa quadra da história. Diante disso, convocamos militantes trabalhistas e dissidentes a apoiarem o ex-presidente Lula no primeiro turno. Saudações fraternas e Brizolistas!"

Senador pede impeachment de Bolsonaro e Guedes por pedalada fiscal 

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) apresentou um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia Paulo Guedes por pedalada fiscal.

Segundo o parlamentar, as autoridades fizeram uma manobra fiscal ao adiar o pagamento de repasses das leis Paulo Gustavo, Aldir Blanc e Perse para liberar os pagamentos do Orçamento Secreto, contrariando as decisões do Congresso Nacional.

"O chefe do Poder Executivo violou decisões aprovadas e reafirmadas pelo Congresso Nacional, em flagrante desrespeito ao Parlamento e ao processo legislativo e orçamentário previsto na Constituição Federal de 1988", argumentou.


Jair Bolsonaro e Paulo Guedes / Agência Brasil

Por meio de uma medida provisória do final de agosto, Bolsonaro adiou o pagamento de R$ 3,86 bilhões para estados e municípios, da Lei Paulo Gustavo, para 2023, quando deveria ser realizado em até 90 dias após a publicação da lei, em 8 de julho deste ano. 

Advogados pedem inelegibilidade de Douglas Garcia 

Os advogados da jornalista Vera Magalhães pediram à Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo (PRE-SP) que o deputado estadual e candidato a federal Douglas Garcia (Republicanos) seja considerado inelegível.

Eles argumentam que Garcia fez uso de veículos de comunicação social em benefício próprio. "É preciso também destacar que se entende que o deputado, na situação em discussão, utilizou os meios de comunicação de maneira indevida: basta observar a enorme repercussão que o episódio teve nas redes sociais e o fato de que toda a conversa entre ele e Vera foi filmada com o intuito de publicação nas redes para evidente constrangimento que não pode ser aceito em num processo eleitoral sadio", justificam.


Douglas Garcia / Foto: Reprodução/Instagram

Na última terça-feira, Garcia atacou Vera Magalhães, após um debate entre os candidatos ao governo de São Paulo. De acordo com o relato de Vera Magalhães, ela estava sentada na primeira fileira do auditório, lugar destinado aos jornalistas que fazem perguntas aos candidatos, quando Garcia se aproximou, começou a filmá-la sem autorização e a ofendê-la. Garcia, que é candidato a deputado federal, foi ao evento a convite da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo.

:: Douglas Garcia tem pedidos de cassação e investigação protocolados após hostilizar jornalista :: 

No Ministério Público, Garcia será investigado pelos crimes de ameaça, stalking e dano emocional à mulher contra a jornalista. Como o bolsonarista é parlamentar e, por isso, possui foro privilegiado, ele só pode ser processado criminalmente pelo procurador-geral de Justiça do MP.

Edição: Nicolau Soares