Quando conheci me apaixonei também pelo idioma coreano. Agora estou fazendo aulas online
Ele está nas camisetas e nos cadernos. Nos jornais e nas redes sociais. Nos principais prêmios internacionais de música e nos recreios das escolas, embalando a brincadeira da criançada. O estilo K-Pop nasceu na Coreia do Sul, se tornou um fenômeno, conquistou milhares de fãs mirins e ocupou também a edição de hoje (21) do Radainho BdF.
E ninguém melhor que os fãs – ou fandons, como preferem os apaixonados pelo K-Pop – para falar sobre o universo da música pop coreana, que conquistou todas as paradas de sucesso, do oriente ao ocidente.
“Eu gosto muito de K-Pop. Tenho três camisetas de bandas e eu gosto muito. Sou muito fã, muito mesmo”, diz Isa Fidelis, de 9 anos, que mora em Taboão da Serra (SP). “Eu estava ouvindo a banda Blackpink e meu pai falou para eu pesquisar grupos de K-Pop formados por meninos. Eu pesquisei e adorei a banda BTS. No próximo show deles no Brasil minha mãe quer ir e eu quero ir também.”
Mas se engana quem pensa que o K-Pop é tão recente assim: o estilo nasceu nos anos 1990, na Coreia do Sul, como uma resposta artística a uma crise econômica que a região enfrentava na época. A ideia das gravadoras era mostrar para os outros países esse produto cultural.
E deu certo: o governo da Coreia do Sul percebeu o quanto era importante investir na produção cultural e as bandas de k-pop explodiram – ou melhor, se tornaram uma "hallyu", que significa "onda" em sul coreano.
“As crianças e os adultos estão se interessando por outras coisas além da cultura tradicional brasileira”, avalia Letícia Eduardo de Oliveira Coelho, que tem 11 anos e mora em São Bernardo do Campo (SP). “Uma amiga me apresentou Blackpink e aí fui conhecendo outros grupos. Hoje minha banda favorita é Stray Kids, e a música é ‘God’s Menu’”.
Bandas de sucesso
Atualmente, as duas das maiores bandas de K-Pop são o Blackpink e o BTS. Os Bangtan Boys, como são conhecidos os sete membros do BTS fizeram um show no Brasil neste ano e lotaram um estádio de futebol em São Paulo, com fãs de diversas regiões do país.
Já as meninas do Blackpink ainda não vieram por aqui, mas são muito aguardadas pelas crianças. As artistas Jisoo, Jennie, Rosé e Lisa, que formam o grupo, aproveitam o sucesso para promover o feminismo, um movimento político que defende que as mulheres devem ter os direitos equivalentes aos dos homens.
“Blackpink é super legal. É um grupo da Corei super bom. Elas são muito bonitas: se vestem de maneira adolescente, geralmente usando preto e rosa, para combinar com o nome do grupo, que são essas duas cores em inglês. Minha música favorita delas é ‘How you like that’”, diz Serena Gatinoni, que tem 9 anos e mora em São Paulo.
Fãs mirins
Para essa edição, as crianças ocuparam o estúdio de rádio do Brasil de Fato, em São Paulo, para uma conversa descontraída sobre o K-Pop, com direito a erros de gravação e muita música. Esta é a primeira vez que a as entrevistas são feitas no estúdio desde que a vacina contra o coronavírus foi liberada para todas as faixas etárias.
“Quando eu conheci BTS me apaixonei também pelo idioma coreano. Aí eu peguei um curso online e estou fazendo aulas”, conta Isa. “Eu já sei falar te amo em coreano: ‘saranghae’”.
O K-pop não é só para escutar, mas pra dançar também. Centenas de vídeos no Yotube ensinam as coreografias passo a passo, para crianças e adultos. Nos últimos anos, diversas escolas de dança tradicionais também passaram a oferecer aulas desse estilo.
A produção do Radinho BdF foi conferir de perto como são essas atividades, na escola Vandance, em Santo André.
Movimentos políticos a partir do K-Pop
Não é nada fácil se tornar um Idol, ou ídolo, como são chamados as estrelas do K-pop. É preciso muito ensaio e muita preparação. Recentemente, uma brasileira chamada Gabi Dalcin foi selecionada para participar do grupo Blackswan. É a primeira vez que uma brasileira integra uma banda de K-Pop.
E mesmo com toda dedicação para compor, cantar e dançar, as bandas e os fãs de K-Pop ainda são vítimas de muitas críticas.
“É muito difícil encontrar outras pessoas na minha escola que gostem de K-Pop. Eu só conheço mais uma criança. O resto sempre julga e acha que K-Pop é só BTS”, diz Pietra Oliveira Alves Navarro, que tem 10 anos e mora em São Bernardo.
Apesar das críticas, os fãs de K-Pop tem arregaçado as mangas para colocar em prática diversas ações políticas e sociais que ajudem a melhorar a vida das pessoas. A maior parte delas é organizada pelos Armys, como são chamados os fãs da banda BTS.
“Um dos movimentos mais recentes aqui no Brasil foi feito esse ano, para incentivar os jovens entre 16 e 17 anos a tirar o título de eleitor, com distribuição de adesivos, pulseiras e projeções em prédios. Coincidentemente ou não, este ano tivemos um aumento de 57% no número de jovens que tiraram o título”, diz a historiadora Jéssica Molinari, que pesquisa cultura pop do oriente.
Muita, mas muita música!
Esta edição do Radinho é embalada do começo ao fim por diversos sucessos do K-Pop. Na paylist estão faixas como “DNA”, do BTS, “God’s Menu”, do Stray Kids, “DDU-DU DDU-DU”, do Blackpink, “TT”, do Twice, e “Tonight”, do Blackswan.
Na hora da história, a contadora Lara Chacon solta a voz narrando “Balas Mágicas”, um sucesso da autora sul coreana Heena Baek, lançado no Brasil.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].
O material é produzido pela equipe do Brasil de Fato e conta com aconselhamento de Juliana Doretto, professora da PUC de Campinas que estuda como as crianças e jovens aparecem nas notícias.
Edição: Camila Salmazio