Representantes da Coligação Brasil da Esperança, composta pelos partidos que têm como candidato à Presidência da República o ex-presidente Lula (PT), reuniram-se nesta quinta-feira (22), em Brasília (DF), com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, para pedir uma garantia de segurança para os eleitores que irão às urnas no dia 2 de outubro.
O grupo, que reúne as siglas PT, PV, PCdoB, PSOL, Rede, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros, manifestou preocupação com o avanço dos casos de violência política, que têm vitimado diferentes pessoas no país. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que coordena a campanha de Lula na região Norte, a preocupação do grupo está centrada especialmente na próxima semana, a última antes de os brasileiros irem às urnas.
“Externamos a necessidade de o TSE garantir a todos os cidadãos o sagrado direito de comparecerem em paz às urnas do próximo domingo, dia 2 de outubro, e com as condições de segurança necessária para, durante a semana e no dia de eleição, exercerem o sagrado direito ao voto”, disse o senador, que chamou a atenção para características singulares do pleito atual.
“Nós temos estado atentos aos acontecimentos desta eleição. Não é uma eleição como outra qualquer. É uma eleição totalmente atípica. Todos vocês sabem disso, têm acompanhado de perto. Tem um lado, sobretudo o que está no Palácio do Planalto, que propaga o ódio, que propaga o terror”, emendou, ao dizer que a comitiva que foi nesta quinta ao encontro do ministro espera das autoridades a “segurança necessária para [os eleitores] se manifestarem como quiserem.
Randolfe também disse que o grupo pediu a Alexandre de Moraes “a garantia necessária pra [os eleitores] comparecerem às urnas no dia 2 de outubro e, livremente, com a manifestação que quiserem, exercerem o democrático direito ao voto”. “Saímos deste encontro com o ministro tranquilos em relação aos próximos passos que o Tribunal Superior Eleitoral deverá exercer”, entoou o parlamentar, que atua como líder da oposição no Senado.
De acordo com Randolfe, a coligação apresentou uma petição administrativa sugerindo que seja criado um canal de denúncia sobre atentados que venham a ocorrer especialmente na próxima semana. “Nós saímos com a tranquilidade de que deverá ser tomada essa medida”, disse, sem afirmar se Moraes confirmou que o TSE dará cabo à proposta.
“O ministro nos antecipou que está tomando todas as medidas necessárias com as forças policiais militares dos estados, com as polícias civis dos estados e com as forças armadas. [Ele] está em contato direto pra garantir o exercício democrático das manifestações no curso desta semana e, em segundo lugar, para garantir o exercício livre e democrático da manifestação do voto no dia 2 de outubro.”
Randolfe afirmou ainda que Alexandre de Moraes antecipou que fará, na véspera da eleição, um pronunciamento à nação “mobilizando os brasileiros pra que compareçam com a tranquilidade necessária às urnas”.
Cenário
O contexto de violência política vem fermentando no país especialmente no bojo dos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) aos opositores. Como resultado, o país tem visto os casos se multiplacarem pelas diferentes regiões. Foi o que ocorreu, por exemplo, em Foz do Iguaçu (PR), quando o tesoureiro do PT local, Marcelo Arruda, foi assassinado a tiros durante a própria festa de aniversário por um bolsonarista fanático. O caso ocorreu no início de julho e chocou o país.
Levantamento feito pela UniRio e divulgado em julho deste ano aponta que os casos de violência política subiram 335% nos últimos três anos, considerando um intervalo que começa no primeiro semestre de 2019. Naquele período, houve 47 registros, enquanto foram notificadas 214 ocorrências no primeiro semestre de 2022.
Paralelamente à escalada dos casos, o país assiste também à ascensão do clima de medo. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha este mês mostra que atualmente mais de 67% dos brasileiros têm medo de violência política. Pouco mais de 3% do contingente ouvido pelo instituto contaram já terem sido alvo de ameaças por conta de suas posições políticas nos dias 30 que antecederam a pesquisa. O estudo foi feito entre os dias 3 e 13 de agosto deste ano.
Edição: Rodrigo Durão Coelho